Família

Democracia sem Ética não Sobrevive

por Pastoral Familiar, 30 de setembro de 2008, 0 Comentários(s)

 
Estamos às vésperas das eleições. Necessitamos de estadistas e líderes honrados, mas, ao longo de nossa experiência da vida democrática nacional, geralmente, acabamos escolhendo chefes. Mesmo assim a democracia é o sistema mais adequado para um povo se organizar e buscar rumos, como nação.

A democracia não nasce, nem se sustenta por si só. Ela tem por alicerce algumas diretrizes, sem as quais ela não pode existir. Princípios éticos como: respeito à dignidade incondicional da pessoa; igualdade de todos perante a lei; respeito à vida humana; o respeito à liberdade; etc. representam estes fundamentos da democracia.

Estes princípios são diretrizes éticas universais. Eles precedem a democracia, a sustentam e não podem ser modificados por ela. Por exemplo: a dignidade incondicional da pessoa não pode ser submetida à aprovação democrática. Não se pode colocar em votação, neste ou naquele nível, se um grupo tem mais dignidade do que outro, ou se a mulher tem mais dignidade que o homem, ou se o adulto tem mais dignidade que a criança. Colocar este princípio em votação é uma grave ignorância da própria estrutura da democracia. Seja qual for o resultado de tal processo de votação, o resultado não pode mudar a legitimidade de um princípio fundamental.

Princípios éticos e morais, não são mudados ao sabor da vontade, mesmo que da maioria. Entretanto, a colocação de tais fundamentos em apreciação de câmaras, congressos, tribunais, reflete uma superficialidade da formação ética e moral de seus membros, principalmente de seus proponentes. E como as escolas quase genericamente não provêem esta formação, a família é a principal responsável em colocar estes fundamentos da formação da pessoa e das relações humanas civilizadas.

Acontece, porém, que estamos vivendo um tempo adverso para a família. Ela é agredida sistematicamente, pelos meios de comunicação, por movimentos internacionais, pelo estado e seus poderes. Existe uma superficialidade quase ingênua (ou maldosa) quanto ao papel da família para o bem da pessoa, da sociedade e também da economia. A família, então vai sendo atacada, desestruturada, desfigurada, falsificada, no seio dos poderes e na cultura moderna criada.

Desta forma, pais são descartados, depreciados e substituídos por amantes chamados de padrastos e madrastas; a promiscuidade passa a chamar-se namoro; filhos são gerados indesejadamente e eliminados quase que imediatamente, com recurso moderno da “pílula do dia seguinte” e o assassinato não é chamado por seu verdadeiro nome e é estimulado pelas mais altas autoridades; crianças são esquartejadas, jogadas pela janela de prédios, atiradas em rios, abusadas sexualmente dentro de casa, onde deveriam ser protegidas. Professores são desvalorizados, agredidos e começam ‘bater em retirada’, por causa da deformação gerada por uma cultura sem moral e sem ética.

É preciso ter clareza e coragem de encarar a realidade. Esta situação de medo e de insegurança não muda sem que mudemos a formação de nossa população. Não muda sem o resgate da ética e da moral. Não muda sem o sério concurso da família original estruturada e formada em princípios sólidos. E dizemos família original porque família é um conceito original que vem sendo distorcido na “modernidade” irresponsável e superficial. Família, para fins do bem da pessoa, para uma formação integral edificante, não é qualquer grupamento de pessoas.

A democracia supõe poderes autônomos e independentes. Não é absurdo admitir que esta premissa é um ideal que não se realiza na prática. Entretanto, quando se percebe estreita correlação entre eles; e se percebe também uma forte influência do poder econômico sobre eles, a democracia e todos os relacionamentos sociais estão doentes. As leis se afastam dos princípios fundamentais, o Judiciário carece dos fundamentos que são a sua sustentação e autonomia, o Executivo perde a autoridade por sua profunda incoerência moral.

É preciso a coragem de proclamar a verdade. A família original é a base imprescindível para a formação de pessoas. Com seu apoio e com verdadeiro e honesto zelo público, a escola contribui para a restauração moral da sociedade. E na base da família e de todos os valores existe uma única referência testemunhal completa, perfeita e disponível para todos que não forem arrogantes. É Jesus Cristo. Referencial perfeito, temporal e transcendente. Disponível e visível para quem quiser se encontrar com Ele. 

 

Eunides e Bosco Lugnani