Membro da Comissão de Bioética relaciona eutanásia a entendimento errôneo sobre compaixão
por Pastoral Familiar, 20 de maio de 2023, 0 Comentários(s)
“Há um entendimento errôneo sobre compaixão” na sociedade, quando diante de um sofrimento qualificado como insuportável, se justifica o fim da vida de qualquer pessoa. É o que explica o doutor João Batista Lima Filho, membro da Comissão de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele falou ao Portal da Canção Nova sobre a eutanásia, após aprovação da prática no parlamento Português.
De acordo com João Batista, a Igreja Católica permanece firme contra todas as formas de suicídio. “E, para isso, ela se apega ao Catecismo: ‘Quaisquer que sejam os motivos, a eutanásia direta consiste impor ao fim a vida de pessoas, deficientes ou moribundas. É moralmente inaceitável’. Assim, uma ação ou omissão que causa a morte com o fim de suprimir o sofrimento constitui no assassinato gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito do Deus Vivo, seu Criador”.
O médico citou também o trabalho desenvolvido pelo atual secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, que esteve à frente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, como exemplo do posicionamento e das ações eclesiásticas tomadas contra a eutanásia.
“Ele disse que a defesa da vida, desde a concepção até seu fim natural, é uma prioridade da CNBB. Uma ação recente, feita em fevereiro, foi uma romaria feita no Santuário de Nossa Senhora, envolvendo diversos setores que se reuniram para discutir a defesa da vida”, recorda o médico. “Dom Ricardo chegou a dizer que o principal desafio em relação à defesa da vida é a evangelização. Creio que, neste sentido, fica claro que estas ações são desenvolvidas em favor da vida”, acrescentou.
“Existem obstáculos culturais que obscurecem o valor sagrado de cada vida humana”, afirma João Batista. “Isso está bem colocado na carta apostólica Samaritanus Bonus sobre a questão do cuidado das pessoas em fases críticas”.
Para o médico, há três itens que são apresentados às pessoas de maneira inequívoca: o conceito de morte digna, a compreensão errônea do que é compaixão e o valor da vida própria e da vida alheia.
“Para alguns, quando a qualidade de vida, por exemplo, aparece pobre, ela não merece ser continuada. Esta vida humana tem valor. Há um entendimento errôneo sobre compaixão. Diante de um sofrimento qualificado como insuportável, justifica-se o fim da vida de qualquer pessoa. É um fator que a cultura da vida e da morte tem nos colocado. Um individualismo crescente que nos induz a ver os outros como ameaça à nossa liberdade”, lamenta.
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Foto de capa: Marcelo Leal/Unsplash