Igreja

Viver a Quaresma na fé, na esperança e na caridade

por Pastoral Familiar, 16 de fevereiro de 2021, 0 Comentários(s)

A Igreja inicia nesta Quarta-feira de Cinzas mais um tempo da Quaresma, período de conversão em preparação para a Páscoa. Em sua mensagem para as próximas semanas, o Papa Francisco recorre às virtudes teologais para propor um caminho de renovação.

“Neste tempo de conversão, renovamos a nossa fé, obtemos a «água viva» da esperança e recebemos com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo”.

A fé

Em sua mensagem para a Quaresma, o Papa Francisco recorda que “a fé chama-nos a acolher a Verdade e a tornar-nos suas testemunhas diante de Deus e de todos os nossos irmãos e irmãs”.

Segundo sua reflexão, acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, neste tempo quaresmal, antes de mais, “deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja. Esta Verdade não é uma construção do intelecto, reservada a poucas mentes seletas, superiores ou ilustres, mas é uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso”.

Esperança como água viva

A água viva que Jesus oferece à Samaritana é o Espírito Santo dado em abundância no Mistério Pascal e que infunde em nós a esperança que não desilude. O Papa fala dessa esperança como água viva “que nos permite continuar o nosso caminho”.

“O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua Criação, não obstante nós a maltratarmos com frequência (cf. Enc. Laudato si’, 32-33.43-44). É ter esperança naquela reconciliação a que nos exorta apaixonadamente São Paulo: «Reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20)”, aponta Francisco. 

Assim como a água viva ofertada, o Papa motiva que, na Quaresma, “estejamos mais atentos a «dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam» (FT, 223)”. Às vezes, continua Francisco, para dar esperança, “basta ser «uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença» (FT, 224)”.

Viver uma Quaresma com esperança, segundo o Papa, “significa sentir que, em Jesus Cristo, somos testemunhas do tempo novo em que Deus renova todas as coisas (cf. Ap 21, 1-6), «sempre dispostos a dar a razão da [nossa] esperança a todo aquele que [no-la] peça» (1 Ped 3, 15): a razão é Cristo, que dá a sua vida na cruz e Deus ressuscita ao terceiro dia”.

Caridade como alta expressão da fé e da esperança

A caridade, vivida seguindo as pegadas de Cristo na atenção e compaixão por cada pessoa, é a mais alta expressão da nossa fé e da nossa esperança. Assim o Papa inicia a terceira parte de sua reflexão, indicando que “viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid-19.

Os exercícios quaresmais

Em sua Mensagem para a Quaresma deste ano de 2021, o Papa Francisco também relaciona as virtudes teologais com os exercícios quaresmais do jejum da oração e da esmola.

No contexto da fé, o jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n’Ele encontram plena realização. “Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e «acumula» a riqueza do amor recebido e partilhado”, aponta Francisco.

No recolhimento e oração silenciosa, a esperança é-nos dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão; por isso mesmo, ressalta o Papa, “é fundamental recolher-se para rezar (cf. Mt 6, 6) e encontrar, no segredo, o Pai da ternura”.

Sobre a esmola, Francisco diz: “Ofereçamos, juntamente com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho”.

Por fim, o Papa Francisco salienta que cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. “Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai”.

Leia a mensagem na íntegra aqui.