Dom Bruno Elizeu Versari
Bispo de Campo Mourão (PR)
No dia 14 de abril a liturgia da nossa Igreja celebra a instituição do sacerdócio e da eucaristia. Quero fazer deste pequeno artigo uma homenagem a todos os padres, especialmente os da nossa Diocese. Agradecer a Deus por cada um e rezar pela perseverança de todos.
A Eucaristia ocupa o centro da vida e da ação do padre. Ele será sempre uma pessoa eucarística. Sua vida converge para o altar da Eucaristia. “É, sobretudo, no sacrifício da Missa que os padres fazem de modo especial as vezes de Cristo”, adquirem um vínculo original com Cristo, um vínculo inefável, irreversível, que o habilita a agir in persona Christi.
A celebração da Eucaristia é, pois, o centro e o cume da vida do padre, onde se renova cotidianamente o mistério da comunhão com Deus em Cristo e se adquire força para a caminhada rumo à páscoa definitiva.
É necessário, pois, conhecer e vivenciar as diversas dimensões da Eucaristia: sacrifício, memorial, sacramento de piedade, sinal de unidade, vinculo de caridade, banquete pascal (SC 7).
O encontro com Jesus nas Escrituras conduz-nos à Eucaristia, onde essa mesma Palavra atinge a sua máxima eficácia, porque é presença real d’Aquele que é a Palavra viva. Lá o único Absoluto recebe a maior adoração que se Lhe possa tributar neste mundo, porque é o próprio Cristo que se oferece. E, quando O recebemos na Comunhão, renovamos a nossa aliança com Ele e consentimos-Lhe que realize cada vez mais a sua obra transformadora em nós.
Deve-se amar a Eucaristia como realidade que contém todo o bem espiritual da Igreja e de onde emana toda a sua força (SC 10). O padre é tanto mais humanamente maduro quanto mais eucaristizado for. A Eucaristia integra, dá equilíbrio, personaliza, identificando a pessoa com o próprio Cristo, Sumo Sacerdote. Nenhuma outra oração da Igreja se compara a Eucaristia.
“Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20). Na Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor, gozamos desta presença com uma intensidade incomparável.
As primeiras imagens da Igreja que nos dão os Atos do Apóstolos, falam da comunhão em torno da mesa eucarística: “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às orações” (AT 2, 42). Na “fração do pão”, é evocada a Eucaristia. Dois mil anos depois, continuamos a realizar aquela imagem primordial da Igreja. A reunião da Igreja, ao redor da mesa, realiza o sacramento da Eucaristia, da comunhão e da unidade.
“Isto é o meu Corpo que será entregue por vós”; “este é o cálice do meu Sangue, que será derramado por vós” (Mateus 26,26). O sacerdote coloca a sua boca e a sua voz à disposição d’Aquele que as pronunciou no Cenáculo e quis que fossem repetidas de geração em geração por todos aqueles que, na Igreja, participam ministerialmente do seu sacerdócio deixado por Jesus “fazei isto em memória de mim” (Lucas 22,19). Ser padre é tornar humano e visível o Cristo da Eucaristia.
A Igreja vive de Jesus eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, “mistério de luz”. Sempre que a Igreja a celebra, os fiéis podem de certo modo reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús: “Abriram-se-lhes os olhos e O reconheceram” (Lucas 24, 31).
A Eucaristia, presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis e seu alimento espiritual, é o que de mais precioso pode ter a Igreja no seu caminho ao longo da história. O Padre deve celebrar a Santa Missa todos os dias para alimentar-se da Eucaristia e da Palavra e também quem sabe um dia poder dizer como Paulo: “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2,20).
14 de abril de 2022
Fonte: Juan Maria, A missão do presbítero