Ao final do XVI Congresso Nacional da Pastoral Familiar, realizado em Governador Celso Ramos (SC), entre os dias 26 e 28 de agosto, foi divulgada a “Carta às famílias”. No texto, assinado pelo secretário executivo da Comissão Nacional da Pastoral Familiar, padre Crispim Guimarães, os participantes afirmam que foram “testemunhas do quanto a santidade está presente na vida das famílias, mesmo aqueles/as que estão nos altares ou a caminho, se originaram e viveram em família”.
A carta também recorda que a Comissão Nacional da Pastoral Familiar, em comunhão com a Igreja Universal, sob a inspiração do Papa Francisco, quis continuar a aprofundar a temática do Ano Família Amoris Laetitia, ao escolher o tema “Amor familiar, vocação e caminho de santidade” e o lema “Se eu não tenho amor, eu nada sou” (I Cor 13, 2).
Confira o texto na íntegra:
Carta às famílias
Santa Catarina, terra de Santos, beatos e servos de Deus. Sua capital tem como intercessora aquela que soube “ouvir a voz do Espírito”, com o título de Nossa Senhora do Desterro. Ouvir a voz do Espírito que fala à Igreja, à FAMÍLIA, igreja doméstica (cf. LG, n. 11), célula-mater da sociedade.
Nos dias 26, 27 e 28 de agosto de 2022, na Arquidiocese de Florianopolis-SC, ano do X Encontro Mundial das Famílias, celebrado de modo multicêntrico e vivido efusivamente nas Igrejas Particulares, através de lives, encontros, estudos, entre outros, aconteceu o XVI Congresso Nacional das Famílias.
Em comunhão com a Igreja Universal, sob a inspiração do Papa Francisco, que “sem ignorar as dificuldades que o mundo atual coloca à vida familiar, lança um olhar positivo sobre elas em razão da certeza que a fé traz”, a Comissão Nacional da Pastoral Familiar, quis continuar e aprofundar o Ano Amoris Laetitia, escolhendo para este Congresso o tema “Amor Familiar, vocação e caminho de santidade” e o lema “Se eu não tenho amor, eu nada sou” (I Cor 13, 2).
A Igreja deve ajudar a compreender que “para discernir o caminho à santidade no qual estão comprometidas as famílias, os agentes de pastoral devem medir as mudanças que afetam o seu cotidiano”. Não por acaso, o Documento de Aparecida, 2007, alertou sobre as rápidas transformações, chamando-as de “mudança de época”.
Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, n. 7, sobre o chamado a Santidade no mundo atual, o Papa Francisco diz: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da «classe média da santidade»”.
Nestes dias fomos testemunhas do quanto a santidade está presente na vida das famílias, mesmo aqueles/as que estão nos altares ou a caminho, se originaram e viveram em família. A santidade se constrói no vínculo que cada pessoa tem com Deus, que gera vida de comunhão com os irmãos e os levam à participação na Igreja e na sociedade. Neste XVI Congresso Nacional das Famílias, fomos recordados que existe uma realidade desafiadora, que exige um olhar amoroso dos pastores para com as pessoas, especialmente aquelas que estão à margem. Fomos recordados que o caminho de santidade se constrói no cotidiano, como uma liturgia, que nos abre para a sinodalidade, este jeito de caminhar juntos para Deus, especialmente num mundo marcado pelas transformações das novas tecnologias, que nos transportam para dentro das redes sociais e novas mídias, quase que nos tirando do contato pessoal-físico.
Vimos que as famílias não são constituídas de anjos, mas de pessoas humanas, que têm suas fragilidades e que, com elas é possível crescer individualmente e em comunidade, desde que se abram para a misericórdia de Deus e à acolhida mútua em casa e na Comunidade Eclesial. São destas famílias que vemos brotar as vocações, as mais variadas.
As DGAE, 2019-2023, n. 14, recordam que a “Igreja é mãe de coração aberto, casa do Pai (EG, n. 46-47), que ‘conclama a todos a reunirem-se na fraternidade, acolher a Palavra, celebrar os sacramentos e sair em missão no testemunho, na solidariedade e no claro anúncio da pessoa e da mensagem de Jesus Cristo’”.
Vivamos no Amor Familiar, pois é nossa vocação e é nosso caminho à SANTIDADE.
Florianópolis-SC, 28 de agosto de 2022.
Pe. Crispim Guimarães dos Santos
Assessor da Comissão Episcopal Pastoral para Vida e Família/CNBB
Secretário Executivo da Comissão Nacional da Pastoral Familiar