A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) completou 70 anos nesta sexta-feira, 14 de outubro. A entidade que reúne os bispos do Brasil em vista da comunhão entre as Igrejas particulares do país e da promoção da ação evangelizadora sempre esteve com a pauta familiar entre suas preocupações.
Já na reunião de criação da entidade, ocorrida há 70 anos, no palácio São Joaquim, no Rio de Janeiro, os bispos estudaram sobre a questão do divórcio, já em debate naquela época. Diante do tema, os bispos pensaram em sugestões de medidas práticas para aplicação na Igreja diante desse desafio.
Onze anos depois, num documento de 1963, sobre a realidade brasileira, os bispos mostraram-se preocupados com as condições de miséria das famílias e com a mortalidade prematura “em números clamorosos”.
No final da década de 1970, com a aprovação do divórcio no país, e algumas iniciativas pastorais para as famílias já em curso, a CNBB reforçou suas orientações pastorais sobre o matrimônio, em oposição aos rompimentos das uniões.
Na assembleia geral do ano de 1980,os bispos condenaram a campanha pela legalização do aborto, o controle da natalidade e a “escalada da permissividade” que se baseava na “mentalidade consumista que, erigindo o bem-estar em valor supremo, gerava a idolatria do dinheiro e do poder, causa da injustiça e infelicidade social”.
No ano seguinte, o Papa João Paulo II divulgava a exortação apostólica Familiaris Consortio – sobre a função da família cristã no mundo. No documento, que inspirou o fortalecimento de iniciativas pastorais voltadas para as famílias, o então pontífice destacou que “o matrimônio e a família constituem um dos bens mais preciosos da humanidade”. Aqui no Brasil, o documento foi acolhido pelos bispos, que deram apoio às iniciativas voltadas para as famílias.
No processo constituinte, entre 1987 e 1988, a CNBB esteve envolvida com as emendas populares ao texto em discussão. Por meio desse instrumento participativo, foram sugeridas as propostas da Igreja à nova carta magna do país. Entre as indicações, temas como família, aborto, educação, liberdade religiosa, demarcação de terras indígenas e reforma agrária.
De acordo com histórico da CNBB reunido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o conselho permanente da conferência reuniu-se, entre 23 e 26 de agosto de 1988, para avaliar seus resultados e divulgou o documento “Texto constitucional: valores e expectativas”, no qual a conferência episcopal exaltou a participação da sociedade em sua elaboração, a afirmação dos ideais de cidadania e o repúdio à tortura e ao racismo como maiores virtudes. Por outro lado, o documento destacou como pontos negativos a definição de “entidade familiar” para os relacionamentos estáveis entre homens e mulheres, o não-reconhecimento do direito à vida desde a concepção e a omissão acerca da criação de mecanismos que acelerassem o processo de reforma agrária.
No processo eleitoral de 1989, a CNBB buscou manter sua posição suprapartidária, como o faz até a atualidade, e indicou “o perfil do candidato ideal” como aquele que possuísse “uma vida séria e honesta, competência administrativa e profissional” e, além disso, fosse “contra o aborto e a favor da reforma agrária”.
Em 1994, a CNBB vivenciou a Campanha da Fraternidade com o tema da família, levando a todo o Brasil a questionar “A família, como vai?”.
Daí em diante, o apoio dos bispos às ações da Pastoral Familiar foi se concretizando por meio do então Setor Família da CNBB e, mais atualmente, com a Comissão Nacional da Pastoral Familiar e a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, responsáveis por dinamizar o trabalho evangelizador voltado para a realidade da vida e das famílias.
Questão importante abordada pelos bispos em pronunciamentos, articulações políticas e judiciais, além de tema de Campanha da Fraternidade é a defesa, proteção e cuidado com a vida desde a concepção até o fim natural.