Para nós hoje, o caminho do deserto não é conduzido por Moisés, mas por Cristo. Ele nos convida a sair com ele e, no lugar de uma simples libertação passageira, nos convida a passar pela sua Cruz e chegar à Ressurreição, a verdadeira Páscoa.
A Quaresma deste Ano Santo Jubilar nos convida a uma nova e bela experiência da misericórdia de Deus. É próprio da vida cristã a atitude de contínua conversão, de sair, de colocar-se a caminho, de buscar uma perfeição sempre maior. A cada ano a Igreja nos oferece essa preciosa chance de reviver, na quaresma, a mesma experiência que está na origem do povo de Deus, conforme lemos no livro do Êxodo: a vida do povo hebreu antes farta e abundante, no Egito, havia-se tornado uma pesada escravidão. Deus ouve com misericórdia o lamento do povo e chama Moisés para conduzir seu povo ao deserto, e daí à liberdade. É bem esse o trajeto que fazemos a cada ano na Quaresma: hoje ainda somos pegos pela escravidão da vida material, nos acomodamos ao vicio, à mentira, ao pecado. Olhamos ao redor e percebemos os estragos causados pelo abandono da lei de Deus, pelas falsas soluções do enriquecimento fácil e desonesto, pelo vazio em que nos jogam as crendices e os enganos do mundo. No caminho do Êxodo, o povo reencontra, no Monte Sinai, a Lei de Deus. Faz aliança com Deus. É Ele quem vai conduzir o mesmo povo, após quarenta anos de caminhada, à terra prometida da liberdade e da vida.
Para nós hoje, o caminho do deserto não é conduzido por Moisés, mas por Cristo. Ele nos convida a sair com ele e, no lugar de uma simples libertação passageira, nos convida a passar pela sua Cruz e chegar à Ressurreição, a verdadeira Páscoa. Ele é o novo Monte Sinai, a nova e definitiva Aliança, ele é o rosto da misericórdia de Deus que nos quer libertar.
Dom João Bosco, ofm
Bispo de Osasco, SP
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB