O II Simpósio da Pastoral da Inclusão, realizado em São Paulo (SP), no Colégio Claretiano, no último sábado (13), reuniu lideranças, agentes e pessoas comprometidas com uma Igreja cada vez mais acolhedora para refletir sobre participação, acessibilidade e pertença eclesial. O assessor da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Rodolfo Chagas Pinho, foi um dos participantes.
Ao longo da programação, o encontro insistiu numa ideia central: inclusão não é “adaptação pontual”, mas conversão pastoral, revisão de práticas e um modo de organizar a vida comunitária para que ninguém seja tratado como exceção.
Um dos eixos mais trabalhados foi o modelo social da deficiência, que desloca o foco exclusivo do corpo/diagnóstico para as barreiras do ambiente (físicas, comunicacionais, atitudinais e institucionais) e para os direitos de participação. Esse enfoque tem sido amplamente discutido na literatura brasileira como alternativa crítica ao reducionismo biomédico, ao evidenciar que a exclusão não “nasce” apenas da condição, mas também das estruturas que impedem o acesso e a convivência.
Outro tema decisivo foi o capacitismo, compreendido como um conjunto de atitudes e padrões sociais que inferiorizam pessoas com deficiência, naturalizam a exclusão e produzem opressões — muitas vezes de forma sutil, inclusive em ambientes religiosos. A reflexão apontou que combater o capacitismo exige mais do que boa vontade: pede formação, linguagem adequada, escuta qualificada e compromisso institucional com acessibilidade e participação real.
Na chave pastoral, o simpósio colocou em debate um desafio recorrente: superar a lógica de “setores separados” (os “incluídos” e os “assistidos”) para construir comunidade onde “eles” só existem dentro de um “nós”. A tese sustentada por diversos participantes foi que a Igreja não “inclui alguém” como favor: ela reconhece a dignidade e a vocação de cada pessoa e organiza seus processos (celebrações, catequese, serviços e conselhos) para que a pertença seja concreta. Essa direção converge com experiências e reflexões eclesiais que, no Brasil, vêm destacando a necessidade de catequese e vida comunitária verdadeiramente inclusivas, com recursos e práticas adequadas e sem reducionismos.
O padre Rodolfo Chagas Pinho, representando também a Pastoral Familiar Nacional, reforçou que a inclusão não é pauta isolada: toca diretamente a vida familiar, o acompanhamento de casais e o cuidado com crianças, jovens, adultos e idosos com deficiência — além de suas redes de apoio. A participação sinalizou também um compromisso pastoral: pensar a família como espaço de acolhida, defesa de direitos e integração, e a comunidade como corresponsável por remover barreiras e combater estigmas.
Ao final, padre Rodolfo colocou a Pastoral Familiar em plena comunhão para pastoral orgânica com a Pastoral da Inclusão e deixou um recado: “a Pastoral da Inclusão avança quando a comunidade decide trocar a pergunta “como atender?” por “como pertencer juntos?”. E quando essa decisão vira prática, a inclusão deixa de ser evento e se torna estilo de Igreja—uma Igreja em que ninguém fica do lado de fora”, disse.
Leia Mensagem na Íntegra sobre a participação no Simpósio da Pastoral da Inclusão.








