Olhar o momento atual, a realidade de crise social, econômica, a pandemia, a polarização e enxergar um tempo favorável, as grandes oportunidades. Assim motivou dom Ricardo Hoepers aos bispos referenciais e assessores eclesiásticos neste quinto dia da 44ª Assembleia Geral Ordinária da Pastoral Familiar.
O bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, concluiu as reflexões desta sexta-feira, 9 de julho, quinto dia da assembleia da Pastoral Familiar, que ocorre de forma virtual. Após ouvir as partilhas, questionamentos e preocupações dos bispos referenciais e assessores eclesiásticos da Pastoral Familiar nos 18 Regionais e nos três setores de atuação, o bispo ofereceu motivações para “encarnar o Evangelho nos dramas humanos” e indicou três ações fundamentais daqui para frente.
“Primeiro, nos esforçarmos pela comunhão entre nós, pela unidade. Segundo, um processo denso, sem parar, na questão formativa: nós precisamos formar, levar conteúdo para esses casais. E, em terceiro lugar, fortalecer as Igrejas Particulares na sua identidade, na sua particularidade”
apontou dom Ricardo
Para o bispo, “estamos num tempo favorável” e a Pastoral Familiar deve “mergulhar na raiz do Evangelho, que é amor, que é misericórdia, que é cuidado”. O trabalho também deve ser, segundo dom Hoepers, de “levar um pouco de esperança em tempos de desesperança”.
A presença evangelizadora da Pastoral Familiar no momento atual deve ser de oferecer “uma luz na escuridão das nossas fragilidades”, “mostrando esperança, a luz, a fé, a alegria que têm as nossas famílias”, mesmo sendo elas o lugar dos dramas, uma vez que é na família que se experimenta “o primeiro sentimento mais forte que nós temos da realidade da nossa vida”.
Unidade
Dom Ricardo indicou as três ações fundamentais para o trabalho da Pastoral Familiar ao olhar para a realidade atual e para a conjuntura eclesial. O esforço pela unidade deve considerar os diversos trabalhos de grupos e movimentos em favor das famílias, o que já pode ser experimentado na realidade da Pastoral Familiar em alguns casos.
O Sínodo convocado pelo Papa Francisco para 2023, cujo tema é “Sinodalidade, comunhão e participação”, é oportunidade de “mergulharmos para trabalharmos de maneira mais unida nas Igrejas particulares, fortalecendo os vínculos entre a Pastoral Familiar e todos os que trabalham com família”.
O tema do X Encontro Mundial das Famílias – Amor na família: vocação e caminho de santidade – também dá oportunidade para trabalho em conjunto a partir da vocação, também no contexto do Ano Vocacional no Brasil em 2023. Ao olhar para o “caminho de santidade”, dom Ricardo fala em trilhar “um caminho que não tem medo de se defrontar com os dramas reais das famílias”. A missão da Pastoral Familiar, segundo o bispo, é dar respostas, não abandonar ninguém no caminho, não deixar ninguém excluído.
“Nós não vamos resolver todas as questões, mas nós vamos ser presença nesses dramas. Nós não vamos resolver a questão da homoafetividade, a questão dos problemas morais, nós não vamos resolver isso como um todo, mas nós podemos estar apresentando a nossa presença iluminada pelo Evangelho, que é a vida, e que é uma questão que não pode ser deixada de lado”.
Presença de Cristo
Segundo dom Ricardo, a Pastoral Familiar não pode ter a pretensão de resolver todos os problemas da realidade atual, mas “pode e deve ser uma presença deste Jesus Cristo, desta evangelização nos dramas reais”.
Num trabalho transversal, de forma especial no contexto da vida, dom Ricardo chamou atenção que não se fala mais somente em “defesa da vida”, mas também em promoção e cuidado da vida, três dimensões “que nós temos agora que estar atentos em todas as nossas ações como Pastoral Familiar”.
Assembleia da Pastoral Familiar
Realizada desde segunda-feira, 5 de julho, a 44ª Assembleia Ordinária da Pastoral Familiar ocorre pela primeira vez de forma virtual, por conta da pandemia do novo coronavírus. Nos primeiros quatro dias do encontro, os regionais, setores, serviços e movimentos apresentaram em vídeos as atividades e iniciativas realizadas desde o início de 2020.
Neste sábado, 10, durante dois períodos, os coordenadores, assessores e bispos referenciais voltam a se encontrar. Pela manhã, um momento de espiritualidade inspirado no Ano de São José, conduzido pelo bispo de Campo Mourão e conselheiro da Comissão Nacional da Pastoral Familiar, dom Bruno Elizeu Versari.
Na parte da tarde, serão deliberados vários temas relacionados à atuação da Pastoral Familiar no Brasil.