O Papa Francisco se reuniu com moderadores, presidentes e responsáveis internacionais de todos os movimentos eclesiais, comunidades novas e associações reconhecidas ou erigidas pela Santa Sé nesta quinta-feira (16). O encontro foi promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida para discutir “A responsabilidade de governo nas agregações de fieis: um serviço eclesial”. Cerca de 300 pessoas – presencial e por meio de videoconferência – participaram do Simpósio, que teve como cerne o decreto geral “As associações internacionais de fieis”.
Na ocasião, Francisco alertou os representantes em relação ao abuso e o desejo de poder que pode surgir dentro dos movimentos, comunidades e associações que se manifesta em querer fazer tudo. E assim, faz com que quem governa ache que pode decidir sobre todos os aspectos da vida da associação e das pessoas que dela fazem parte.
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“O exercício da governança no seio das associações e movimentos é um tema que me interessa muito, sobretudo ao considerar os casos de abusos de diversa índole que também aconteceram nesses grupos e que sempre têm sua origem no abuso de poder. Essa é a origem: o abuso de poder. Não poucas vezes, a Santa Sé teve que intervir nos últimos anos, pondo em marcha processos de saneamento que não eram fáceis. E penso não só nessas situações tão desagradáveis, estrondosas, mas também nas doenças que provêm do enfraquecimento do carisma fundacional, que se torna morno e perde sua capacidade de atração”, afirmou o Papa.
“É uma má forma de disciplina. E nós vimos isso. Penso nas congregações que eu conheço melhor e são muitos os superiores, superiores gerais, que se eternizam no poder e fazem mil, mil coisas para serem reeleitos e reeleitos, inclusive mudando as constituições. E há um desejo de poder por trás disso. Isso não ajuda. É o princípio do fim de uma associação, de uma congregação”, completou Francisco.
O segundo ponto abordado pelo Santo Padre é a “deslealdade”, típico de quem se faz intérprete único do carisma, e com o pretexto de servir ao Senhor, serve só a si mesmo. “Devemos aprender a considerarmo-nos “servos inúteis” (Lc 17, 10) a fim de permanecermos humildes e dóceis à vontade de Deus, assim como no-lo demonstrou Jesus ao lavar os pés dos discípulos”, lembrou Francisco.
Na sequência, o Prefeito do Dicastério, o Cardeal Kevin Farrell, introduziu as atividades, identificando, logo de início, o “serviço” como aspecto fundamental e irrenunciável do exercício do governo nas realidades eclesiais: serviço à pessoa, ao carisma e à missão da Igreja. Depois, passou a palavra a Mons. Matteo Visioli, subsecretário da Congregação para a Doutrina da Fé, o qual concentrou a sua participação no fundamento teológico-eclesiológico do conceito de autoridade na Igreja, revelando o seu paradigma relacional. Além deles, a Dra. Linda Ghisoni, subsecretária para os leigos, também palestrou.
Ao final do encontro, Eliana e Paolo Maino, fundadores da Vita Pacis, e de Don Stefano Aragno, vice-presidente da Cenacolo, deram seus testemunhos sobre como têm prestado o serviço à frente de suas comunidades.