Confira o artigo do arcebispo de Maringá (PR), dom Anuar Battisti, por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
A dignidade feminina
Hoje é o Dia Internacional da Mulher. Para elas e por elas se voltam os mais variados olhares. O olhar de dignidade de uma criatura humana criada à imagem e semelhança de Deus, até os olhares de exploração, de escravidão, de marginalização, de redução a objetos descartáveis no uso e abuso, em nome da liberdade, matando a dignidade do ser mulher. Infelizmente a cultura do prazer, dentro da cultura do consumismo, matou e mata a finalidade principal do ser humano que é ser feliz e não ter apenas momentos felizes.
Recentemente o papa Francisco, na reunião do Pontifício Conselho para a Cultura recordou: “Superadas as fases da subordinação social e da igualdade absoluta, configurou-se agora um novo paradigma, o da reciprocidade na equivalência e na diferença. Isto é, a relação homem-mulher deveria reconhecer que ambos são necessários enquanto possuem uma idêntica natureza, mas com modalidades próprias. No âmbito desta reciprocidade, infelizmente, o corpo feminino – símbolo de vida ‘é agredido e deturpado inclusive pelos companheiros de vida’.
Naquela ocasião o papa afirmou: “As tantas formas de escravidão, de mercantilização, de mutilação do corpo das mulheres nos comprometem, portanto, a trabalhar para derrotar esta forma de degradação que o reduz a um puro objeto de venda nos vários mercados. Desejo chamar à atenção, neste contexto, a dolorosa situação de tantas mulheres pobres, obrigadas a viver em condições de perigo, de exploração, relegadas às margens das sociedades e vítimas de uma cultura do descartável”.
Olhando para a Igreja o Papa Francisco volta ao tema do espaço da mulher na Igreja recordando que é preciso estudar critérios e modalidades novas para que as mulheres não se sintam hóspedes, mas plenamente partícipes dos vários âmbitos da vida social e eclesial. “A Igreja é mulher. É a Igreja, não o Igreja”, disse. Quanto ao papel da mulher na Igreja, o papa se diz convicto da urgência de oferecer espaços às mulheres, levando em consideração as específicas e diversificadas sensibilidades culturais e sociais. “É desejável, portanto, uma presença feminina mais ramificada e incisiva nas comunidades, de modo que possamos ver muitas mulheres envolvidas nas responsabilidades pastorais, no acompanhamento de pessoas, famílias e grupos, assim como na reflexão teológica”.
Por fim, o papa Francisco encorajou ainda a presença eficaz das mulheres na esfera pública, no mundo do trabalho e nos locais onde são adotadas as decisões mais importantes. “Todas as instituições, inclusive a comunidade eclesial, são chamadas a garantir a liberdade de escolha para as mulheres, para que tenham a possibilidade de assumir responsabilidades sociais e eclesiais, num modo harmônico com a vida familiar”.
Diante das palavras de Francisco, acredito que a presença e atuação da mulher nos mais variados campos da sociedade e da Igreja trará, além da competência, outro aspecto fundamental e necessário que é a ternura nas relações humanas.
Que este dia não seja só de homenagens ou condecorações frias e protocolares, e sim de uma tomada de consciência diante do valor da vida e da vida daquelas que são capazes de gerar a vida. Todos somos filhos do ventre de uma mulher. “Bendito o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”. Respeito, dignidade, valorização, nunca é demais para se viver bem. Com a intercessão de Nossa Senhora, um abençoado domingo para você e seus familiares!
Fonte: CNBB