A catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira (9), durante a audiência geral, teve como tema “São José, padroeiro da boa morte”. Em suas palavras o Pontífice destacou que o direito e cuidados para todos devem ser sempre uma prioridade de modo que os idosos e doentes não sejam descartados pela sociedade. “A vida é um direito, não a morte, que deve ser acolhida”, ressaltou Santo Padre.
Segundo o Papa, essa devoção nasceu do pensamento de que José morreu com a ajuda da Virgem Maria e de Jesus, antes que ele deixasse a casa de Nazaré. “Não há dados históricos, mas como não se vê mais José na vida pública se pensa que ele morreu em Nazaré com a família e que Maria e Jesus o acompanharam na morte”, ressaltou.
Na sequência, o Santo Padre lembrou que a pandemia de coronavírus colocou a morte em evidência. No entanto, verdadeira luz que ilumina o mistério da morte provém da ressurreição de Cristo. “Existe uma certeza, Cristo ressuscitou, Cristo está vivo entre nós e esta luz nos espera atrás daquela porta sombria da morte”, apontou Francisco. “A fé cristã não é uma forma de exorcizar o medo da morte, pelo contrário, nos ajuda a enfrentá-la. Antes ou depois todos nós passaremos por aquela porta”, completou.
“Prezados irmãos e irmãs, é apenas através da fé na ressurreição que podemos olhar para o abismo da morte sem nos deixarmos dominar pelo medo. Não só: mas também podemos atribuir à morte um papel positivo. De fato, pensar na morte, iluminada pelo mistério de Cristo, nos ajuda a olhar para a vida com novos olhos”, disse ainda o Papa.
O Pontífice também alertou sobre o engano de acumular bens. “Nunca vi atrás de um carro fúnebre um caminhão de mudanças! Iremos sozinhos, sem nada no bolso do sudário, porque o sudário não tem bolso. Não tem sentido acumular se um dia morreremos. O que precisamos acumular é caridade, a capacidade de partilhar, de não ficar indiferentes às necessidades dos outros”, afirmou.
De acordo com Francisco, para os cristãos existem duas considerações: a primeira é que não podemos evitar a morte. “Por esta razão, depois de ter feito tudo o que era humanamente possível para curar a pessoa doente, é imoral envolver-se numa obstinação terapêutica”, explicou. A segunda diz respeito à qualidade da própria morte, da dor, do sofrimento. “Devemos acompanhar as pessoas até a morte, mas não provocar a morte nem ajudar o suicídio. Saliento que o direito a cuidados e tratamentos para todos deve ser sempre uma prioridade, de modo a que os mais frágeis, particularmente os idosos e os doentes, nunca sejam descartados. A vida é um direito, não a morte, que deve ser acolhida, não administrada. E este princípio ético diz respeito a todos, e não apenas aos cristãos ou fiéis”, reforçou.
Os idosos
O Papa Francisco ainda apontou para um problema social comum nos tempos atuais que é um planejamento, uma forma de acelerar a morte dos idosos. “Muitas vezes vemos numa determinada classe social que os idosos, por não terem meios, recebem menos medicamentos do que precisariam, e isto é desumano: isto não os ajuda, isto é levá-los à morte mais rapidamente. Isso não é humano nem cristão”, afirmou.
“Os idosos devem ser tratados como um tesouro da humanidade: eles são a nossa sabedoria. Se eles não falam, e se são sem sentido, são o símbolo da sabedoria humana. São aqueles que nos precederam e nos deixaram muitas coisas bonitas, muitas lembranças, muita sabedoria. Por favor, não isole os idosos, não acelere a morte dos idosos. Cuidar de um idoso tem a mesma esperança que cuidar de uma criança, porque o início e o fim da vida é sempre um mistério, um mistério que deve ser respeitado, acompanhado e cuidado”, destacou o Santo Padre.
Por fim, o Papa Francisco convidou os fíeis a rezarem a são José para que nos ajude a viver o mistério da morte da melhor maneira possível. “Para um cristão, a boa morte é uma experiência da misericórdia de Deus, que se aproxima de nós, até naquele último momento da nossa vida”, concluiu.