A alocação de recursos para atendimento dos pacientes com covid-19 na rede de saúde do Brasil preocupa a Comissão Especial de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em reunião realizada na última segunda-feira, 1º de fevereiro, especialistas apontaram a necessidade de dedicar atenção ao enfrentamento da pandemia no país.
De acordo com o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão de Bioética da CNBB, dom Ricardo Hoepers, os membros do grupo apontaram como a principal preocupação no campo bioético do Brasil na atualidade a questão da pandemia e a alocação de recursos, que envolve a dificuldade que muitos hospitais estão tendo com a fila de espera por vagas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e a falta de recursos, como oxigênio.
“As mortes estão acontecendo por questões sociais e políticas e isso é muito sério. Nós entendemos que, como Comissão de Bioética, é necessário focarmos nesse momento naquilo que está sendo o problema maior no nosso país para todas as dioceses, que é o enfrentamento da pandemia“, situou dom Ricardo.
Cenário internacional
Os membros da Comissão também voltaram sua análise para o que ocorre em âmbito internacional. Um exemplo de realidade que tem chamado atenção é a recente aprovação da eutanásia pelo parlamento de Portugal. “A ideia era um pouco discutir as repercussões que isso pode ter no nosso país, pensando o quanto isso é nocivo para a questão da moral católica e aquilo que a gente acredita como defesa da vida desde o inicio até o seu fim natural”, partilhou dom Ricardo.
Integração com a Pastoral Familiar
A realização do Ano Família Amoris Laetitia, convocado pelo Papa Francisco para início a partir do próximo mês, será oportunidade de integração do trabalho da Comissão de Bioética com a Pastoral Familiar. O assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB e secretário executivo da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), padre Crispim Guimarães, atualizou a equipe sobre a programação proposta para este momento que vai celebrar os cinco anos da exortação apostólica Amoris Laetitia – sobre a alegria do amor na família.
Uma iniciativa que pode favorecer essa integração é um congresso preparado pela Sociedade Brasileira de Teologia Moral. A entidade apresentou para a equipe de bioética a programação do evento marcado para o segundo semestre de 2021 sobre a recepção e as resistências ao documento do Papa Francisco fruto de dois sínodos sobre a família.
“Estamos tentando integrar a bioética com a Pastoral Familiar e de maneira que todos participem das atividades de modo integral”, partilhou dom Ricardo Hoepers.
Integração com entidades e academia
Tendo em vista a necessidade de ampliar a participação dentro dos dilemas que são apresentados para a Comissão de Bioética, será promovida uma aproximação com outros grupos que produzem e refletem sobre tais temáticas relacionadas à vida, como cientistas, juristas e médicos católicos que de algum poderiam integrar as discussões. Esse trabalho deve ser iniciado por meio da articulação dos observatórios regionais de Bioética com as universidades católicas espalhadas pelo Brasil.
No primeiro contato, dom Ricardo espera que seja realizado um levantamento de especialistas em todo o Brasil nas áreas em que há uma demanda para se responder sobre essas questões de bioética, “para que não fique uma visão limitada a um grupo, mas que possamos aproveitar as produções que são feitas nas universidades católicas e por outros grupos afins, esclarecendo os maiores dilemas da bioética, como estamos fazendo em relação à vacina e de outras demandas que chegam até nós”.
A capilaridade das universidades católicas também deve favorecer a criação dos observatórios de bioética nos regionais da CNBB.
Serviço à vida
Com formações mensais já programadas para o ano de 2021, os casais cooperadores do Serviço à Vida contarão com a Comissão de Bioética na formação.