Na abertura da segunda semana de trabalho da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, foi apresentado o primeiro relatório, o Relatio post disceptationem, com os principais contributos propostos nas reflexões dos padres sinodais. São 58 pontos que indicam as motivações para as escolhas pastorais da ação evangelizadora da Igreja junto às famílias.
O texto é resultado da primeira semana de trabalho da Assembleia Extraordinária, sendo exposto pelo relator-geral, cardeal Peter Erdo. O documento desenvolve-se em três ideias-chave: escutar o contexto sociocultural em que vivem as famílias hoje; olhar para Cristo e para o seu Evangelho da família e confrontar-se sobre as prospetivas pastorais a iniciar.
A família, realidade decisiva e preciosa, lugar das alegrias, dificuldades e afetos é, segundo este primeiro relatório, uma escola de humanidade que deve ser em primeiro lugar escutada na sua complexidade. Diante dessas realidades, a Igreja deve olhar com “esperança e sentido”, indica o texto.
“Torna-se necessário um discernimento espiritual, no que diz respeito às convivências, aos matrimônios civis e aos divorciados recasados. Compete à Igreja reconhecer aquelas sementes do Verbo espalhadas para além dos seus confins visíveis e sacramentais. (…) A Igreja dirige-se com respeito àqueles que participam na sua vida em modo incompleto e imperfeito, apreciando mais os valores positivos que conservam do que os limites e as faltas”, aponta o relatório.
Apoio às famílias
De acordo com o texto, a Igreja precisar enfrentar a realidade da família, a partir do seu contexto sociocultural, e olhar para Jesus para reafirmar a indissolubilidade entre homem e mulher.
“Evangelizar é responsabilidade partilhada por todo o povo de Deus, cada uma segundo o próprio ministério e carisma. Sem o testemunho alegre dos cônjuges e das famílias, o anúncio, mesmo que correto, arrisca-se a ser incompreendido ou de se afogar no mar de palavras que caracteriza a nossa sociedade. As famílias católicas são chamadas a ser elas próprias os sujeitos ativos de toda a pastoral familiar.
Também é enfatizada no relatório a missão da Pastoral Familiar e das famílias como sujeitos ativos na pastoral familiar, sobretudo na preparação dos noivos para o matrimônio e no acompanhamento da vida familiar após o sacramento.
Primeiras propostas
Sobre as situações de divórcio e segunda união, entre outros casos, o texto reflete sobre a necessidade de solução intermediária, ou seja, uma possibilidade não generalizada, mas fruto de um discernimento feito caso a caso, a partir de acompanhamento com respeito. É sublinhada, ainda, no relatório a importância da abertura à vida e da educação dos filhos, e a missão da Igreja no apoio às famílias nas suas escolhas e responsabilidades.
Ao final de sua exposição, o cardeal Erdo destacou que o Evangelho da família é alegria e, por isso, pede-nos uma “conversão missionária” que não seja um anúncio meramente teórico que apenas apresenta normas mas que proponha valores promovendo uma nova linguagem.
“As reflexões propostas, fruto do diálogo sinodal desenvolvido em grande liberdade e num estilo de recíproca escuta, pretendem indicar prospetivas que deverão ser maturadas pela reflexão das Igrejas locais no ano que nos separa do Sínodo Ordinário de 2015”, disse.
A 14ª Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos será realizada de 4 a 25 de outubro de 2015, com o tema “A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo”.
Os pareces dos próximos trabalhos desta Assembleia serão apresentados na próxima quinta-feira, 16 de outubro.
Fonte: CNBB com informações e fotos do News.va.