Dia 26 de julho, celebramos São Joaquim e Santa Ana, pais de Maria e avós de Jesus. Por isso, comemora-se também o dia dos avós. Como é importante manter viva a nossa história familiar, fazendo memória do caminho que nossos antepassados trilharam. Desconsiderar o passado é comprometer o futuro. Por isso é indispensável recuperar o lugar dos avós em nossa sociedade, comunidade e família.
A Bíblia bem recorda que os avós não se tornam mestres da vida automaticamente. Não é só porque tem muita experiência que se tornará alguém que acumulou sabedoria. Tudo depende da forma como ele se relacionou com essas experiências. O que aprendeu e como lidou com as dificuldades, como serenou o coração e a mente nas crises, como soube ser humilde no sucesso e paciente na provação. ‘Toda sabedoria vem do Senhor e com ele está eternamente’ (Eclo1,1).
Nesse sentido, os avós podem ensinar como aprenderam , com o tempo, a lapidar sua personalidade e torná-la menos complicada e mais sábia. O Salmo 92 recorda essa realidade comparando-a às arvores frondosas: “Dão fruto mesmo na velhice, são cheios de seiva e verdejantes, para anunciar o “Senhor” é reto” (Sl 92, 15 s).
O crescimento humano é complexo. Há o risco de se deixar vencer pelo cansaço de não procurar mais retomar o caminho da verdade, de se distrair com as coisas que passam, de pensar mais nos limites e nas preocupações do que na beleza de uma vida entregue e confiante nas mãos de Deus.
Enquanto as gerações novas depositam toda sua esperança nas novas tecnologias, parece anacrônico falar em humildade, perdão, oração e reflexão. Igualmente é complicado ser ouvido sobre o valor da pessoa e dos outros, quando o individualismo reina. Mesmo assim, o avô e a avó sábios permanecem como referencial silencioso e provocante apontando para valores irrenunciáveis em todas das idades da vida.
O avô cristão sabe enfrentar as dificuldades, mesmo quando a dor o visitar, quando alguém querido partir, quando faltar uma assistência maior, quando a vida parecer muito opaca. Ele só é capaz de vencer tudo isso quando tem consciência de que o Senhor não abandona aqueles que o amam. Entende que Jesus Cristo é a presença de todas as horas. Sabe em quem confiar e esperar. Quem se reconcilia com seus limites exteriores e se empenha a trilhar o caminho espiritual voltado à reconciliação consigo e com sua própria história de vida experimentará, em si, a capacidade de contribuir para que haja paz em seu ambiente.
Enfim, cabe aos avós conviver sempre melhor consigo mesmos e sentir a presença de Deus que habita em suas vidas. Que beleza saber acolher os netos e receber deles o que mais precioso alguém pode ter, a certeza de que o legado familiar, superadas as dificuldades, será continuado.
Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)