Fortalecer a colaboração e difusão dos distintos movimentos e das Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, integrados à missão da defesa e da vida, em chave sinodal. Esse foi um dos objetivos do VIII Encontro Pan-Americano de Acompanhamento Pastoral pós-aborto e apoio à vida, realizado no Peru, de 10 a 14 de outubro. O evento foi realizado pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e articulado pelo Projeto Esperança. Representantes da Pastoral Familiar e de movimentos de defesa da vida do Brasil estiveram presentes.
“Foram discutidos vários assuntos, todos em torno de acompanhar pessoas que passaram pelo trauma do aborto, sejam as mães, sejam os pais. Aquela atitude da Igreja misericordiosa, hospital de campanha, que não vai julgar que a pessoa é assassina, mas vai acompanhar essa pessoa para que ela sane esse sofrimento”, explicou o padre Crispim Guimarães, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e secretário executivo da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF).
O evento teve uma agenda pensada para incentivar a proteção à vida e a cura das sequelas pós-aborto, buscando gerar competências orientadas ao serviço a favor das famílias que sofrem a perda de um filho antes de nascer. Segundo o Celam, participaram 75 delegados de 13 países do continente, além das centenas de pessoas que estiveram conectadas virtualmente acompanhando as transmissões pela internet.
O aprofundamento do tema foi realizado por meio de palestras, painéis, trabalhos em grupo, entre outras atividades. O casal articulador do Serviço à Vida, Luiz e Káthia Stolf, contou que foram apresentadas diversas experiências de acompanhamento pós-aborto já em andamento em vários países como o Projeto Raquel, o Projeto Esperança, o Projeto José (voltado para os homens), Salve Guadalupe e outros.
Acompanhamento
A diretora do Projeto Esperança, Elizabeth Bunster, contou que deverá ser realizado um trabalho conjunto, colaborativo, em rede, sobretudo para dar respostas ao desafio de sanar as “feridas graves que se produzem em tantas pessoas que sofrem a dor por um filho não nascido”. A Igreja, por meio dos agentes de pastorais, padres e religiosos, deve ser também proativa “e dar com ternura o apoio a tantas mulheres gestantes em situação de dificuldade ou vulnerabilidade para acompanhar a maternidade”.
Padre Crispim destaca que o acompanhamento, no caso das sequelas pós-aborto, deve contar com um agente pastoral; um profissional, quando necessário; um sacerdote, que faz também o caminho sacramental. Ele também revela o debate sobre a prevenção aos abortos provocados, por meio da cultura e proximidade com as famílias “para que este tipo de situação não chegasse a se realizar e, portanto, não chegássemos a ter mães e pais depois doentes por causa de um aborto”.
Cuidadores
Outra preocupação abordada no encontro é o trabalho com os cuidadores, “um trabalho exigente, porque as pessoas, quando atendem muita gente, acabam tendo uma carga grande de assuntos negativos”. Assim, precisam de preparação espiritual, psicológica e humana para ser empática, mas não assumir as dores da pessoa como se fossem suas. “Ser empática significa sentir com a pessoa, mas isso não significa que, ao sair da situação, eu levo para casa aquelas mesmas dores, senão, a pessoa que acompanha se torna também uma pessoa com problemas seríssimos”, explicou padre Crispim.
Ações nacionais
Luiz e Káthia Stolf explicam que, ao final do encontro, foi apresentado o documento com as conclusões que deverão, na medida do possível, ser colocadas em prática. “Entendemos que para a realidade do Brasil devemos investir na capacitação de agentes para o trabalho de acompanhamento às pessoas que tenham passado pelo drama do aborto como serviço à vida plena”.
Segundo o casal, uma ação que deve ser realizada no Brasil é a de animar e apoiar a capacitação e o compromisso do clero para trabalhar juntos no acompanhamento pós-aborto “levando a misericórdia do Pai”. Isso é possível ao “trabalhar em rede colaborativa que permita uma constante inovação e promoção do trabalho para que o mesmo seja difundido e conhecido em todas as dioceses e paróquias”.
Com informações e imagens do Celam