Ana Cláudia Barros
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) encara com preocupação o projeto que prevê a instalação de máquinas de camisinhas em escolas de Ensino Médio da rede pública. Na interpretação da entidade, a iniciativa pode alavancar o número de soropositivos no Brasil. O assessor nacional da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, padre Luiz Antonio Bento, explica o raciocínio:
– Ao colocar as máquinas nas escolas, é realizada a promoção do preservativo, o que, do ponto de vista da moral católica, pode favorecer, indiretamente, o desenvolvimento da epidemia da Aids. Não somente os preservativos são incapazes de assegurar uma proteção total contra a infecção pelo HIV, como também a sua promoção pode favorecer a difusão da infecção porque incita a promiscuidade sexual.
Na visão do padre Bento, as campanhas de combate à doença pautadas no íncentivo do uso da camisinha têm se mostrado ineficientes.
– Não obstante toda a promoção do preservativo que nós temos acompanhado, a Aids, infelizmente, está se alastrando não só no continente africano, como também no Brasil. Parece-me que os números não têm diminuído, mesmo com toda essa promoção. Não é surpreendente se, apesar do aparente êxito inicial de tais políticas, o HIV continuar fazendo sua estrada. O que deveria acontecer, segundo o ensinamento da Igreja, é uma promoção do verdadeiro sentido da sexualidade. O preservativo assume um caráter imoral, indigno da sexualidade, e esta é a razão pela qual não apoiamos o projeto.
O representante da CNBB defende uma discussão ampla sobre o tema, envolvendo a sociedade:
– O governo não pode implantar um projeto dessa natureza sem dialogar. Os pais devem escolher o tipo de educação que querem dar aos filhos. Sinceramente, as máquinas serão colocadas nas escolas se os pais permitirem. Eles têm o direito de dizer que não aceitam esse tipo de educação. A CNBB se empenha em apoiar e desenvolver campanhas educativas. Formativas e informativas, visando ampliar os conhecimentos da população, especialmente dos jovens e dos adolescentes, para que tenham um estilo de vida saudável, comportamento pautado nos valores humanos cristãos.
Para padre Bento, “não basta simplesmente distribuir preservativos nas escolas ou em qualquer outro lugar que seja, como se o povo tivesse que engolir as camisinhas goela abaixo”.
– É preciso oferecer formação baseada em valores, ministrar educação sexual coerente, ensinar a responsabilidade diante do sexo e não tomar atitudes de incentivo à promiscuidade. Depois, nós choramos, brigamos porque existe a violência sexual infantil. O governo está pegando um caminho fácil. É muito menos dispendioso para ele promover esses instrumentos do que promover uma verdadeira cultura da sexualidade, educar verdadeiramente para o sentido do amor e da sexualidade. Este é um caminho que gasta tempo, tem que preparar pessoas.
Fonte: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4679418-EI6578,00.html