Participantes do Fórum “Em que ponto estamos com Amoris Laetitia? Estratégias para a aplicação da exortação apostólica do Papa Francisco”, o casal coordenador nacional da Pastoral Familiar, Luiz e Káthia Stolf, comenta os destaques do evento internacional que reuniu mais de 60 conferências episcopais e representantes de cerca de 30 movimentos e serviços que atuam com famílias no mundo inteiro.
Luiz e Káthia partilham os destaques do evento e as contribuições e as indicações do Fórum para a Pastoral Familiar no Brasil. Confira:
Os destaques do Fórum sobre a Amoris Laetitia
Já no primeiro dia, mais propriamente na abertura do Fórum o Papa Francisco através de uma mensagem de vídeo chamava a atenção ao dizer que os fiéis leigos devem se envolver ativamente na Pastoral Familiar em particular os casais para construírem juntos o tecido eclesial.
Foram dias de muito crescimento, aprendizado e grande aprofundamento em relação a Exortação Apostólica Amoris Laetitia e estratégias para sua aplicação. Fora muitas contribuições, sejam através das palestras cujos temas nos faziam mergulhar na exortação ou mesmo através dos testemunhos normalmente trazidos por casais ou famílias. O fórum tinha como objetivo também apresentar boas práticas pastorais já existentes em outras conferencias.
Uma indicação dada, por exemplo, foi de que a exortação apostólica deve ser lida ou relida do primeiro ao último capítulo como um todo e de forma transversal.
O Papa insiste desde o início de seu pontificado de que é necessária uma renovação geral da Pastoral Familiar sem perder de vista alguns pontos fundamentais como, por exemplo: o caráter missionário e sinodal, o caráter popular e não elitista, a ótica do acolhimento e acompanhamento personalizado entre outros, e essa renovação concreta está acontecendo em várias Conferências conforme observado pelo Padre Alexandre Awi, secretário do Dicastério.
Se faz necessário criar itinerários para um catecumenato no casamento, isto é, que os noivos tenham um acompanhamento inspirado no catecumenato para que cheguem ao casamento mais conscientes, mas isto se trata de um conjunto de ações que passam pelas preparações remota, próxima e imediata e continue nos primeiros anos da vida conjugal.
É de fundamental importância a formação de agentes leigos e sacerdotes que se dedicam à acompanhar casais e famílias para isso é necessário utilizar métodos e técnicas atualizadas e deixar de lado algumas ferramentas utilizadas no passado.
A educação dos filhos pode ser abordada respondendo juntos a três perguntas:
1. Os nossos filhos sentem-se amados?
2. Os nossos filhos sabem amar?
3. Os nossos filhos sentem-se amados por Deus?
A partir dessas três perguntas, tão importantes, é possível criar percursos de acompanhamento para os pais, para que tenham as ferramentas para educar melhor os seus filhos a partir da sua experiência pessoal e familiar.
Um tema que chamou bastante a atenção foi o que tratava da diferença entre espiritualidade conjugal e espiritualidade familiar: a primeira é um caminho de fé centrado nos esposos como casal, enquanto a segunda é mais ampla e inclui mais familiares, por exemplo, os filhos ou a família alargada conforme o Papa.
A espiritualidade conjugal é “decisão real e efetiva de transformar dois caminhos num só” (AL 132) constrói-se “dia após dia” com gestos quotidianos nos quais se experimenta a presença mística do Senhor ressuscitado.
Este caminho é longo e pontilhado de grandes e pequenos gestos da vida quotidiana que o Senhor espera dos esposos para levá-los às alturas da união mística.
Entre os dons do matrimônio, como todos os dons do espírito Santo, visa o bem do outro daí a Missão, portanto essa missão deve ser uma consequência natural de uma espiritualidade conjugal bem entendida. Dessa forma o casal torna-se um dom precioso para a evangelização na medida que contagia a outros com seu testemunho, transformando-se juntamente com os filhos em uma “Família Missionária”.
Finalmente no último o tema apresentado foi com relação ao oitavo capítulo “Acompanhar, Discernir e Integrar” que é o capítulo que trata das situações irregulares, onde a proposta é fazer um percurso de discernimento para maior integração, pesar de que o Papa vai dizer tratar-se de uma questão secundária, dando maior destaque aos capítulos centrais dedicados ao amor.
Sobre isso, diz que é necessário “estimularmos o crescimento, a consolidação e o aprofundamento do amor. Pede-nos, antes de tudo, uma pastoral do vínculo” para amadurecer o amor e protegê-lo. O amor matrimonial não se estimula ou cresce com argumentos nem em função da indissolubilidade, mas se fortalece e cresce constantemente sob o impulso da graça.
Concluindo o Fórum o Cardeal Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério apresentou as considerações finais agradecendo a todos (aproximadamente 70 Conferências) os presentes e encorajando a percorrermos os caminhos do mundo fazendo um caminho sinodal, sermos criativos diante dos desafios e estarmos abertos para escutar as pessoas. Falou também da gratidão do papa Francisco a todos que participaram os delegados e também aqueles que compartilharam praticas pastorais de seus países.
As contribuições e indicações do Fórum para o trabalho da PF no Brasil
Como contribuição para a Pastoral Familiar do Brasil somos chamados a uma conversão missionária, sairmos da nossa zona de conforto e ir além, sendo famílias missionária cuidando de outras famílias, de irmos além das portas da Igreja, isto é, chegar até os casais e famílias especialmente aquelas que se encontram afastadas, para isso é necessário buscar a renovação da Pastoral Familiar em alguns aspectos especialmente na formação dos agentes e do clero e a implantação da mesma em todas as paróquias e comunidades.
Durante o fórum foram apresentadas várias experiências exitosas de trabalhos realizados especialmente a partir da publicação da Amoris Laetitia como, por exemplo, o projeto “Juntos a caminho+Q2”, o qual visa acompanhar os noivos durante um período de dois anos com uma metodologia especialmente desenvolvida para isso.
Outras experiências apresentadas foram a “Goodlove Foundation” cujo objetivo é colocar a disposição dos pais e formadores projetos de formação nas áreas sexual e afetiva e a “Escola de Famílias” projeto esse que se propõe a orientar os pais na educação dos filhos.
Precisamos aprofundar ainda mais o estudo da Exortação Apostólica Amoris Laetitia especialmente os capítulos centrais que tratam do amor, pois esse deve ser o fundamento de todo o nosso trabalho o qual deve inspirar estratégias para aplicações práticas no dia a dia das famílias e consequentemente da Igreja. A formação dos agentes principalmente os que vão acompanhar os casais que vão se preparar para o matrimônio deve ser uma prioridade e também aos casais recém casados.
Porém de modo geral podemos afirmar que nos alegramos ao ver que muito do que foi refletido nas palestras, muitos trabalhos já estão sendo realizados no Brasil já como frutos da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, inclusive alguns trabalhos desenvolvidos aqui como por exemplo, os itinerários para noivos e para recém-casados os quais foram compartilhados ou sugeridos durante a realização do Fórum pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar.
A Exortação Amoris Laetitia nos estimula a sermos mais valentes e criativos para que possamos levar as famílias, a mensagem de sua beleza e sua importância para a Igreja e para a sociedade. Também devemos trabalhar juntos leigos e pastores neste caminho sinodal que nos pede papa Francisco e continuar este processo não só a nível internacional mas nas nossas paróquias e dioceses. Teremos com certeza muito trabalho neste ano Família Amoris Laetitia para implantar as novas praticas fruto deste fórum, pois ele nos trouxe luzes e também nos deixou inquietos avaliando o que estamos fazendo em nossa pastoral familiar, movimentos e serviços que atuam juntos as família que Deus nos tem confiado.