Para 2021, a Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF) oferece o subsídio Hora da Família – encontros mensais com o tema “Família: casa da comunhão”. Essa temática proposta está relacionada com as indicações das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGE 2019-2023) e, de modo particular neste tempo de pandemia, encontra-se na perspectiva de fortalecimento da Igreja doméstica.
A proposta das DGAE é que a Igreja seja constituída pelas “Comunidades Eclesiais Missionárias”, como uma “Casa-lar”, acolhendo todos, nas perspectivas pessoal, comunitária, social e ambiental da evangelização, sustentada pelos pilares: da Palavra, do Pão, da Caridade e da Missão.
Após refletir sobre o pilar da Palavra, neste ano de 2020, a Pastoral Familiar tem a missão agora de aprofundar o pilar do pão, que está ligado à liturgia e à espiritualidade. Entre as principais indicações dos bispos, busca-se “valorizar o domingo como dia do Senhor e da família”.
“Dando continuidade ao trabalho de promover as Comunidades Eclesiais Missionárias, tendo a casa como lugar privilegiado de evangelização, dentro como espaço de convivência e fora, como Igreja em saída, é que em 2021 aprofundamos o Pilar do ‘Pão’”, explica o assessor da Comissão Vida e Família e secretário executivo da CNPF, padre Crispim Guimarães.
Também o Diretório da Pastoral Familiar, ao falar da oração conjugal e familiar, pontua a necessidade de que a família tenha uma vida de piedade própria e que os integrantes aprendam a rezar dentro de casa.
Pandemia e Igreja doméstica
É nisso que a Igreja tem apostado na atualidade e a pandemia do novo coronavírus acentuou. “Essa pandemia está nos ensinando o valor da casa, portanto, esse é um investimento em cada diocese, em cada paróquia, em cada comunidade: a casa de cada cristão”, observou o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo.
“Imaginemos se nós conseguíssemos avançar que cada pai, que cada mãe, cada avô, cada avó, tio, nas suas casas, façam essa prática constante da leitura orante da Palavra de Deus, de multiplicar os círculos bíblicos, de definir um momento de espiritualidade para sua casa? A nossa Igreja vai se tornar mais fortemente missionária”, projetou dom Walmor.
Recentemente, a decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio, Maria Clara Lucchetti Bingemer, ofereceu aos bispos do Brasil uma reflexão com seis pistas para um projeto de evangelização e de ação pastoral da Igreja Católica no contexto de pós-pandemia. Entre as indicações, a teóloga aponta a revalorização do espaço doméstico.
“No contexto da pandemia, redescobrimos uma nova configuração para a Igreja que se deslocou da vivência da fé nos templos para as casas”, refletiu. Segundo ela, é necessário ver esta realidade como uma oportunidade para pensar formas de pleno funcionamento da vida eclesial, mesmo num contexto de distanciamento, o que remonta às próprias fontes e origens do cristianismo e começo da Igreja Católica. “De casa, nos conectamos por meio da tecnologia; Na casa, redescobrimos o espaço da família, da celebração da fé e a perseverança na fração do pão”, disse.
Comunhão Trinitária
Na Santíssima Trindade – Deus Pai, o filho Jesus Cristo, e o Espírito Santo – há uma “plena comunhão trinitária”, sublinha o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers. Essa plena comunhão “nos convida a vivermos, também nós, em nossas famílias e comunidades, a experiência vivificante dos laços de amor que nos une como irmãos e nos tornam filhos e filhas da família trinitária”.
“O roteiro Hora da Família Mensal, que a Comissão Vida e Família está oferecendo, é um importante instrumento de encontro e oração para testemunhar essa comunhão fraterna entre nós, e ao mesmo tempo, elevarmos nossas preces ao Deus da vida que nos chama à missão de cuidar das famílias”, indica dom Ricardo.