Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
O mundo está todo conectado, mas as pessoas são reféns de espaços, que as fragilizam, dentro de um profundo isolamento, com situação de individualismo e solidão. A família deve ser lugar de diálogo e partilha fraterna, porque ela representa o sonho de Deus, de amor, compromisso e entrega. Ali se aprende o valor das relações humanas e se adquire as condições para um viver dialogal.
É fundamental cultivar algumas características e valores da família. Entre elas dizemos da acolhida, do assentimento e respeito à autoridade dos pais. A relação de reciprocidade entre pais e filhos é essencial para a prática do amor, a preservação dos valores morais e éticos. Tudo isto constitui a base natural para a construção de uma sociedade equilibrada, justa e em condição de realizar a paz social.
Não está fácil encontrar famílias com perfeita estabilidade relacional, onde seja cultivado, entre seus membros, a bondade, a amabilidade, a mansidão e a paciência. Existem, na cultura moderna, outros valores éticos, religiosos e culturais se impondo, que vão fragilizando os princípios tradicionais sobre a identidade familiar. Mesmo com as mudanças, certos princípios devem permanecer.
Para os cristãos, a fé e o conhecimento da doutrina cristã são fontes genuínas, para que haja gestos concretos de diálogo sadio e responsável na estrutura de um lar feliz e comprometido com a vida. O fortalecimento dessas relações depende da prática dos valores fundamentais para toda sadia convivência, como a caridade fraterna, a misericórdia, a bondade, a mansidão e o perdão.
Os vários contravalores, como as violências generalizadas, as injustiças e todo tipo de maquinação maldosa, feitos por grupos sem responsabilidade, são frutos de famílias fragilizadas. Elas são incapazes de exercer o sagrado compromisso de educar os filhos para a cidadania e a vida. Quem sofre é a grande família comunitária, formada pela convergência de todas as famílias da sociedade.
Para uma família ser espaço de partilha, as pessoas devem fazer escolhas assentadas na exigência de discernimento, decisão e coragem. Foi o que aconteceu na Família de Nazaré, onde o sim de Maria e a acolhida de José refletem escolhas exigentes dentro do plano de Deus para o seu povo. Significa que a família precisa ajudar na construção de um mundo mais humano e comprometido.
Fonte: CNBB