A família Ulma, massacrada pelos nazistas na aldeia Markowa, na Polônia, em março de 1944, será beatificada em breve. Józef, Wiktoria e seus sete filhos (um deles ainda no ventre da mãe), morreram por terem escondido oito judeus em sua casa durante a Segunda Guerra Mundial. Esta é a primeira vez na história que uma família inteira receberá o título de beatos.
De acordo com o Pe. Witold Burda, postulador da Causa de Beatificação e sacerdote da Arquidiocese de Przemyśl dos Latinos, a experiência de vida dos Ulma é um verdadeiro exemplo de coragem, fé e sobretudo amor ao próximo. Uma caridade que não conhece limites, capaz de abalar até o mais duros dos corações.
Pe. Witold contou que para o bebê no ventre materno, houve o batismo de sangue. “A Igreja está cheia de argumentos teológicos que nos ajudaram a demonstrar aos teólogos do Dicastério para as Causas dos Santos que mesmo aquela criança por nascer, sem batismo nem nome, pode ser considerada mártir da fé de Cristo”, afirmou ao lembrar o martírio dos Santos Inocentes, as crianças que foram mortas em Belém a mando do rei Herodes. “Um martírio que continua até os dias de hoje, com muitas crianças, especialmente as não nascidas, descartadas pelo homem”, completou.
História
Em nove anos de matrimônio, Józef e Wiktoria tiveram seis filhos que educaram sabiamente com espírito de fé e amor. A família participava da missa todos os domingos e fazia orações em casa diariamente com seus filhos. “Tudo começa na família: se começa com a vida, se continua com a educação”, ressaltou o padre.
Devoção
Muitos anos atrás, um amigo de Józef adoeceu e a caminho do túmulo da família Ulma pediu a intercessão deles para que fosse curado. Uma graça que depois veio a acontecer e que o homem está convencido de ter recebido por intercessão do “querido Józef”.
Desde então, a história e a devoção à família Ulma tem continuado a crescer não apenas na Polônia, mas em todo o mundo. Em 2016, em Markowa, um museu dedicado a estes poloneses foi inaugurado.”O nome do museu homenageia a família Ulma e nos três primeiros anos foi visitado por cerca de 50 mil pessoas”, contou. Além disso, muitos peregrinos visitam a sepultura da família.
Para muitos fiéis, conta Pe. Witold, eles representam “um modelo de conjuges amorosos que construíram suas vidas juntos sobre uma base sólida de fé”. “Convido todos os casais e famílias a invocarem a intercessão dos Ulma”, destacou o postulador, “para que, como os servos de Deus, eles também possam seguir o caminho do amor, baseando seu caminho na fé e na presença real de Cristo em suas vidas”, finalizou.