“Nossa Pastoral Familiar no Brasil é extraordinária. Ela acontece, ela é viva, está organizada. Eu fui agraciado de entrar em uma comissão em que já existe uma estrutura muito consolidada”, afirmou o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, em entrevista ao programa “Bispos do Brasil“, da TV Evangelizar.
A edição com dom Ricardo foi a segunda a ir ao ar, após a estreia com o presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo.
Dom Ricardo falou sobre sua vida e vocaçãol, sobre a diocese de Rio Grande (RS), onde é bispo desde 2016, e sobre temas que são importantes no contexto da Comissão para a Vida e a Família da CNBB.
Ao falar da Pastoral Familiar, fez o elogio quanto à organização, à vitalidade e dinâmica de trabalho consolidado. Na outra perspectiva de trabalho, no entanto, há necessidade de fortalecimento como missão de sua presidência.
“A questão família no Brasil está bem consolidada, mas a questão da vida estava um pouco a desejar. Então, o meu trabalho hoje na Comissão Vida e Família é fortalecer as duas áreas: A vida e a Família. Nós temos então casas pró-vida, iniciativas em torno da defesa da vida que são muitas no Brasil. Então a gente precisa agora estruturar isso, organizar, trazer esse pessoal para o diálogo, conversar, de modo que nós tenhamos essa comissão equilibrada. Assim como a Pastoral Familiar tem pré-matrimônio, pós-matrimônio e casos especiais, na questão da vida nós vamos trabalhar início da vida, final da vida e políticas públicas. Vamos criar uma estrutura no Brasil, com observatórios de bioética, trazendo a participação das universidades católicas e também das que se interessarem“, disse dom Ricardo.
Na entrevista conduzida pelo jornalista Everton Barbosa, dom Ricardo ressaltou a retomada da Comissão de Bioética pela CNBB e falou de temas que estão em debate nos poderes legislativo e judiciário e são desafiantes sobre início da vida, como aborto, e fim da vida, como eutanásia, suicídio assistido e distanásia.
Suicídio
Dom Ricardo aproveitou a ocasião para chamar atenção das famílias sobre a questão do suicídio, que é “muito ampla, complexa”:
“Quando se diz assim ‘é falta de sentido, é falta de fé, é depressão, é manha’, não, não é! Não subestime os sinais de depressão, isso é um recado importante para você que está nos assistindo, família. Qualquer sinal de isolamento, de depressão, de diferença no comportamento, deve ser acompanhado”, exortou.
O presidente das Comissões para a Vida e a Família e de Bioética da CNBB partilhou a promoção de lugares de encontro e ouvidorias para atendimento psicológico de pessoas que necessitam de acompanhamento ou de escuta. Para ele, tratar da temática de suicídio “é uma obrigação nossa e com seriedade”.
Família e educação
Gravada antes da realização do 10º Simpósio Nacional das Famílias, a entrevista tratou da temática Família e Educação, com uma citação de dom Ricardo ao evento que ocorreria em Aparecida (SP). O bispo comentou sobre a importância do envolvimento da família neste processo da vida dos filhos e respondeu sobre o debate a respeito do homeschooling no Brasil.
“Todas as iniciativas que tenham a família preocupada com a educação, são válidas. E eu acho que nós como Comissão Vida e Família temos que escutar e dar apoio a todas as iniciativas que têm a família se responsabilizando pela educação dos filhos. Agora, à medida em que a gente vai fazendo esse levantamento em nível de Brasil, nós vamos ajudando a dar suporte para que essa educação seja uma educação voltada a um humanismo, aberto, de uma visão clara, de uma visão eclesial também profunda, dentro do Vaticano II, que é do diálogo“, explicou.
O bispo também falou de três tendências relacionadas à educação assumida pelas famílias: as famílias que assumem a educação completa dos filhos; um misto entre a presença da família e uma escola, que é gerida pelos próprios pais, tendo um momento que a criança está dentro da sua própria casa e tem sua programação, e um momento que está dentro de uma instituição que os pais tem a gerência dessa instituição; e uma terceira, que é a participação dos pais nas escolas já constituídas para que possam mostrar os interesses dos seus valores e que escola possa assimilar dentro do seu conteúdo programático.
Confira a entrevista na íntegra: