O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (25), a Comunidade Acadêmica do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família. Ele iniciou o discurso recordando que o Documento Final da XVI Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade afirma que as famílias são um lugar “privilegiado para aprender e experimentar as práticas essenciais de uma Igreja sinodal”.
Para isso, deve crescer nelas a consciência de serem “sujeitos e não apenas destinatários da pastoral familiar”, responsáveis pela “edificação da Igreja e pelo compromisso com a sociedade”. “Sabemos que o matrimônio e a família são decisivos para a vida dos povos: a Igreja sempre cuidou deles, apoiou-os e os evangelizou”, disse Francisco.
O Papa recordou que, infelizmente, há países onde as autoridades públicas não respeitam a dignidade e a liberdade a que todo ser humano tem direito inalienável como filho de Deus. “Muitas vezes, as restrições e imposições pesam especialmente sobre as mulheres, forçando-as a posições de subalternidade”, afirmou.
“Desde o início, porém, entre os discípulos do Senhor havia também mulheres, e em Cristo Jesus – escreve São Paulo – já não há mais homem nem mulher. Isto não significa que a diferença entre os dois seja anulada, mas sim que no plano da salvação não há discriminação entre homem e mulher: ambos pertencem a Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa”, ressaltou.
Por meio de Jesus, todos nós somos “libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” e o Evangelho da família é a alegria que “enche o coração e a vida inteira”, disse Francisco, citando um trecho da Exortação Apostólica Amoris laetitia. Segundo o Papa, “é esse Evangelho que ajuda todos, em todas as culturas, a buscar sempre o que está em conformidade com o humano e o desejo de salvação enraizado em cada homem e mulher”.
Sobre o Sacramento do Matrimônio, o Santo Padre disse que é como o bom vinho, servido nas Bodas de Caná. A este respeito, recordamos que as primeiras comunidades cristãs se desenvolveram de forma doméstica, ampliando as unidades familiares acolhendo novos fiéis, e reunindo-se nos lares.
“Como uma casa aberta e acolhedora, desde o início a Igreja esforçou-se para que nenhuma restrição econômica ou social impedisse de viver o seguimento de Jesus. Entrar na Igreja significa sempre inaugurar uma nova fraternidade, fundada no Batismo, que abraça o estranho e até mesmo o inimigo”, explicou.
Atenção pastoral misericordiosa
“Comprometida com a mesma missão, ainda hoje a Igreja não fecha a porta para aqueles que fatigam no caminho da fé, pelo contrário, abre-a amplamente, porque todos «precisam de uma atenção pastoral misericordiosa e encorajadora»”. “Todos”, repetiu o Papa. “Não se esqueçam dessa palavra: todos, todos, todos. Jesus disse isso quando os convidados para o casamento não compareceram. Então, Ele disse: “Vai para as ruas e traga todos, todos, todos”. “Mas Senhor, todos os bons? Não, todos! Bons e ruins! Todos, todos.” “Não se esqueçam do “todos” que é um pouco a vocação da Igreja, mãe de todos”, disse o Papa, acrescentando:
“A «lógica da integração pastoral é a chave do acompanhamento pastoral» daqueles «que vivem juntos adiando indefinidamente o compromisso conjugal» e para os divorciados e recasados. «São batizados, são irmãos e irmãs, o Espírito Santo derrama neles dons e carismas para o bem de todos»: a sua presença na Igreja testemunha o desejo de perseverar na fé, apesar das feridas de experiências dolorosas.”
“Sem excluir ninguém, a Igreja promove a família, fundada no Matrimônio, contribuindo em todos os lugares e em todos os tempos para tornar mais sólido o vínculo conjugal, em virtude daquele amor que é maior que tudo: a caridade. Com efeito, «a força da família reside essencialmente na sua capacidade de amar e de ensinar a amar»; por mais que uma família possa ser ferida, «ela sempre pode crescer a partir do amor»”, disse ainda o Papa.
Francisco recordou que os desafios, os problemas e as esperanças que afetam o matrimônio e a família hoje estão inscritos na relação entre a Igreja e a cultura, que São Paulo VI já convidava a considerar, enfatizando que a ruptura entre o Evangelho e a cultura é o drama do nosso tempo. São João Paulo II e Bento XVI aprofundaram o tema da inculturação, concentrando-se nas questões da interculturalidade e da globalização. Da capacidade de enfrentar esses desafios depende a possibilidade de realizar plenamente a missão evangelizadora, que compromete cada cristão.
“A esse respeito, o último Sínodo enriqueceu a consciência eclesial de todos os participantes: a própria unidade da Igreja exige, de fato, o compromisso de superar as diferenças ou os conflitos culturais, construindo harmonia e compreensão entre os povos”, analisou.
“Espero que em todas as partes do mundo o Instituto Teológico João Paulo II “apoie os cônjuges e as famílias em sua missão, ajudando-os a serem pedras vivas da Igreja e testemunhas de fidelidade, de serviço, de abertura à vida e de acolhimento”, concluiu o papa Francisco.
*Com informações do Vatican News