O prefeito da Congregação para os Bispos e presidente da presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, o cardeal canadense Marc Ouellet, advertiu sobre a “grave deterioração” que sofrem há décadas o matrimônio e a família por “uma legislação contrária aos valores tradicionais da instituição familiar, promovida por grupos de pressão aproveitando a mentalidade relativista predominante”.
Cardeal Ouellet destacou que a Igreja “não deixou de acompanhar com crescente preocupação uma evolução de costumes e modos de vida que se afastam da vivência transmitida pela revelação bíblica e a tradição cristã”. Nesta linha, ressaltou a importância de que os “pastores” da Igreja realizem “uma reflexão e iniciativas inovadoras”. Segundo o bispo, “tradição não significa imobilismo”, mas “progresso e mudança” e, a respeito, advogou por “uma pastoral renovada do matrimônio e da família”. Assim, considera que se deve “repensar toda a pastoral da Igreja a partir da família”.
Família
O cardeal, que se referiu à família como “Igreja doméstica”, destacou que “os casais que permaneceram fiéis apesar de todos os ventos contrários devem curar as pessoas feridas pelos fracassos no amor e ajudar as famílias em situação irregular que agora sim aspiram a uma vida de graça autêntica”. Entre estas pessoas, citou os divorciados que voltaram a se casar que “são ainda numerosos, mas vão diminuindo devido aos acontecimentos atuais que afetam o matrimônio como um valor social e a perda do significado mesmo do matrimônio como a união de um homem e uma mulher”.
Quanto aos divorciados recasados, o presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina considera que a Igreja deve “acolher calorosamente sua disponibilidade para um caminho de conversão, penitência e crescimento espiritual”. Acredita que “deve ajudar-lhes a restabelecer sua vida de união com Cristo, mas com o limite imposto pela verdade dos sacramentos da Igreja”. Também fez referência a que atualmente “muitas pessoas não se casam, limitam-se a conviver” e, sobre este assunto, indicou que “uma pastoral da misericórdia deve preocupar-se, em primeiro lugar, em salvar os homens e as mulheres do medo a entregar-se”, já que considera que “isto obstaculiza em grande medida qualquer busca de felicidade”. O cardeal assinalou, ainda, que se deve negar o acesso ao matrimônio e reconhecer a nulidade do mesmo “se os contribuintes não se reconhecerem já como membros da Igreja”.