“O itinerário “do ventre materno aos pés do altar” é o fio condutor de toda a preparação para a vida matrimonial”
Pe. Sebastião Sant’Ana, SDN
Dom Ricardo Hoeppers, bispo de Rio Grande, RS, é o atual presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB. Teve a feliz e gratificante ideia de apresentar, em três terças-feiras sucessivas, na live Hora da Família, os novos coordenadores dos três Setores ou campos de ação da Pastoral Familiar.
Assim, Solange e Álisson Schila, de Dourados, MS, Regional Oeste 1, assumiram o Pré-Matrimônio. Para o Pós-Matrimônio foram chamados Tatiana e Ronaldo Miliante, do Rio de Janeiro, Regional Leste 1. Os Casos Especiais são agora coordenados por Flávia e Afrânio Soares, de Manaus, Regional Norte 1.
Além da apresentação pessoal com rápida história de vida, Dom Ricardo pediu aos novos dirigentes que tornassem públicas para a Igreja de todo o Brasil as perspectivas do seu Setor para os próximos anos. Eis a síntese:
Pré-Matrimônio: do ventre materno aos pés do altar
O itinerário “do ventre materno aos pés do altar” é o fio condutor de toda a preparação para a vida matrimonial, proposto pelo novo casal coordenador nacional do Setor Pré-Matrimônio, Álisson e Solange.
Na partilha de sua história de vida, disseram que buscaram primeiro a vocação presbiteral (ele) e a vida consagrada (ela). Foi quando se conheceram. Viram que o que buscavam não era sua vocação. Saíram. Só depois de 3 anos voltaram a se encontrar. Começou o namoro. Vieram o noivado, o casamento e os três filhos. Encontraram na FAMÍLIA sua missão e caminho da santidade. Foram coordenadores da Pastoral Familiar na Paróquia e no Regional Oeste 1 (MS).
Ao propor o itinerário “do ventre materno aos pés do altar”, os novos coordenadores nacionais do Pré-Matrimônio deixaram claro que o itinerário supõe a participação do casal na vida da comunidade paroquial, respeitando o contexto de cada realidade. Orientam que o acompanhamento personalizado dos noivos deve ser feito por casais acolhedores, num percurso de 8 a 10 meses. Experiências bem sucedidas validam a proposta.
Mesmo na diversidade de situações, esse trabalho exige investimento da Pastoral Familiar na Paróquia. O processo é gradual e formativo, baseado nas orientações da Familiaris Consortio, Documento de Aparecida, Amoris Laetitia, Novo Diretório da Catequese, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (2019–2023), Iniciação à Vida Cristã etc.
Pós-Matrimônio: projeto pés no chão
De início, Tatiana e Ronaldo deixam claro que o Pós Matrimônio deve ser continuidade do Pré Matrimônio. Amar não é apenas um sentimento; é também um itinerário para a vida inteira. O compromisso assumido no sacramento do Matrimônio deve levar o casal a crescer no amor de um para com o outro e dos dois para com Deus. Um dom e uma tarefa para a vida toda. Esse amor deve ser encarnado no dia-a-dia, superando os inúmeros desafios que a vida oferece.
A proposta de Ronaldo e Tatiana é que se priorize a formação de pequenos grupos de novos casais, deixando em segundo plano os grandes eventos.
Muito importante conhecer a realidade local. Seguir a pedagogia/metodologia de Jesus com os discípulos de Emaús: “Vocês estão conversando sobre o quê?”. Pesquisar que tipo de temática é preciso abordar no trabalho do Pós-Matrimônio. Para isso é necessária a participação dos casais regionais para ajudarem na construção de um projeto pés no chão.
Todo o trabalho deve ser sustentado por uma espiritualidade fundamentada na oração do casal, na leitura orante da Palavra de Deus, na celebração eucarística dominical e na prática concreta da caridade.
Tatiana testemunhou com entusiasmo que a “Teologia do Corpo” ajudou o casal a perceber a beleza da sexualidade humana no plano original de Deus e a vida como proteção do bem maior que temos. “A gente não vê no outro só o corpo, mas a pessoa”.
As cinco urgências do Setor Casos Especiais
Na live Hora da Família de 21/07/2020, Dom Ricardo apresentou Flávia e Afrânio Soares como novo casal coordenador nacional do Setor Casos Especiais. Afrânio é professor da Universidade Federal do Amazonas, tem doutorado em Pesquisas. Flávia comanda a Action, maior agência de pesquisas de Manaus. Participaram das Comissões Arquidiocesana e Regional Norte 1 da Pastoral Familiar.
O bispo pediu-lhes que destacassem os desafios e preocupações, em âmbito nacional, que pedem respostas urgentes ao Setor Casos Especiais.
Segundo o casal, inúmeros são os desafios a serem trabalhados pelo Setor. No entanto, é necessário estabelecer prioridades. Mesmo com grande e complexa lista de situações encontradas pelo Brasil afora, cinco delas se tornam mais preocupantes pela incidência com que ocorrem. Precisam ser acolhidas com ternura e misericórdia. “Em todos os regionais encontramos estes desafios: 1) novas uniões, 2) dependência química e álcool, 3) suicídio, 4) perdas e viuvez e 5) questões homoafetivas”.
Afrânio e Flávia planejam trabalhar com os coordenadores regionais do Setor Casos Especiais. Pretendem contar com especialistas em cada área relativa às cinco preocupações citadas. Dom Ricardo gostou da ideia e ressaltou que este especialista não precisa ser necessariamente um casal; pode ser leigo(a), religioso(a) ou padre.
A atuação do Setor deve estar baseada em ações como: “integração não só com os Setores Pré e Pós, mas também com as coordenações de todas as pastorais; atualização dos subsídios; identificação de outros materiais e necessárias adaptações; reuniões para atualização de status; estruturação do setor em cada regional; trabalho em rede; diagnóstico do setor; montagem de equipes multidisciplinares; e montagem de painel nacional com situações, diagnósticos, diretrizes e ações regionais. Sobretudo, ser sinal de uma Igreja mãe, samaritana, acolhedora e misericordiosa, rosto de Deus” – finalizaram.