O dia de Santa Dulce dos Pobres, também conhecida como anjo bom da Bahia, é comemorado nesta sexta (13), em meio às atividades da Semana Nacional da Família. Neste ano, as celebrações – que ocorrem sempre durante o mês vocacional, em agosto – tem a proposta de testemunhar “A alegria do amor na família”, em sintonia com a vivência do Ano Família Amoris Laetitia, convocado pelo Papa Francisco. Por isso, o exemplo da santa nos ajuda a recordar sobre a nossa verdadeira vocação: amar o próximo.
“É muito importante restabelecer essa fraternidade que foi perdida dentro de casa e com as outras famílias. O bonito exemplo de irmã Dulce, que fez daqueles que não tinham família, parte da grande família que criou, nos faz lembrar deste aspecto, especialmente durante a pandemia, que somos todos irmãos”, ressaltou o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, padre Crispim Guimarães, que conheceu a santa pessoalmente.
A celebração da Semana Nacional da Família é um momento para trazer para junto de Deus e da Igreja aqueles que estão afastados por tantos motivos, como ocorreu na história de Irmã Dulce. “Sabemos da sua vida, porque se tornou muito próximo do povo brasileiro atuando naquilo que a nossa população tem de mais sofrido, que é a pobreza, o abandono, a falta de vínculos, que é este não estar em família. Ela fez com que esse povo se tornasse parte da grande família de Deus, que é a Igreja”, destacou o padre. “ Para nós é uma grande alegria, um grande testemunho”, completou.
Conheça a história de Santa Dulce dos Pobres
Nasceu em 1914, em Salvador (BA) e recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. A menina era uma criança cheia de alegria, adorava brincar de boneca e gostava de futebol – era torcedora do Esporte Clube Ypiranga.
Aos 13 anos, Maria Rita transformou a casa dos pais, o dentista Augusto Lopes Pontes e Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, num lar de acolhida e atendimento a mendigos e doentes. A vocação para trabalhar em benefício da população carente teve a influência direta da família, uma herança do pai que ela levou adiante.
Em 1933, logo após a sua formatura como professora, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 13 de agosto do mesmo ano, recebeu o hábito de freira e adotou, em homenagem a sua mãe, o nome de Irmã Dulce.
Em 1937, funda, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de operários, no bairro da Massaranduba.
As raízes da Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) surgiram em 1949, quando sem ter para onde ir com 70 doentes, a religiosa pediu autorização a sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio. O episódio fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um simples galinheiro.
Atualmente, a entidade filantrópica abriga um dos maiores complexos de saúde do país, com cerca de 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, na Bahia, a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pessoas em situação de rua, usuários de substâncias psicoativas e crianças e adolescentes em situação de risco social.
Quando faleceu, em 13 de março de 1992, Irmã Dulce deixou um legado não apenas de fé, mas um conjunto de obras de caridade e socioassistenciais que ergueu graças a seu incansável trabalho de doação aos mais pobres.