“José acolhe Maria, sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo”. Assim o Papa Francisco recorda a passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 1, 18-24) que narra o pensamento de São José em despedir secretamente Maria e depois acolhendo o plano de Deus após ser avisado em sonho pelo anjo. A partir dessa escolha de São José, pode ser observada a relação do Protetor da Sagrada Família com o Serviço à Vida da Pastoral Familiar.
“O Serviço à Vida é exatamente essa disposição interior nossa de amar a vida como um dom precioso de Deus. Jamais rejeitar a vida em qualquer momento, em qualquer circunstância e em qualquer situação. A vida ser amada como um dom de Deus, como um presente que ele nos deu. E São José prova com clareza isso, porque, na dúvida entre o repúdio e o amor, ele optou pela vida – ‘Escolhe, pois, a vida’ – ele optou pela vida, ele disse sim a Nossa Senhora, ele disse sim ao Menino Jesus, ele disse sim ao projeto de Deus”, ressalta o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers.
O Serviço à Vida reforça a proposta de acreditar na vida, dom que Deus oferece para cuidar, zelar e colocar à disposição do Senhor. “Pela nossa vida também que o Reino de Deus vai ser construído neste mundo”, ressalta dom Ricardo.
Coração de Pai
Na carta Patris Corde – com o coração de Pai, com a qual o Papa Francisco recorda os 150 anos da proclamação de São José como padroeiro universal da Igreja, há uma reflexão tomada de uma homilia feita em 2017 na Colômbia sobre essa atitude de São José:
«A nobreza do seu coração fá-lo subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus ajudou-o a escolher iluminando o seu discernimento».
Papa Francisco, Patris Corde (4)
Ainda no mesmo trecho, quando Francisco destaca São José como “Pai no acolhimento”, O Papa fala do protagonismo corajoso e forte do Padroeiro da Igreja: “O acolhimento é um modo pelo qual se manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza que nos vem do Espírito Santo. Só o Senhor nos pode dar força para acolher a vida como ela é, aceitando até mesmo as suas contradições, imprevistos e desilusões”.
O acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis, porque Deus escolhe o que é frágil (cf. 1 Cor 1, 27), é «pai dos órfãos e defensor das viúvas» (Sal 68, 6) e manda amar o forasteiro.[20] Posso imaginar ter sido do procedimento de José que Jesus tirou inspiração para a parábola do filho pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc 15, 11-32).
Papa Francisco, Patris Corde (4)