Nesta quarta-feira (12), o Papa Francisco deu continuidade às catequeses sobre a figura de São José, que têm sido feitas nas audiências gerais. Nesta semana, o Pontífice explicou sobre a importância do trabalho e sobre a dignidade que ele proporciona para as pessoas.
Ele começou explicando que São Mateus e São Marcos definem José como “carpinteiro” ou “marceneiro”, que era uma qualificação genérica para artesãos da madeira ou trabalhadores da área da construção. “Um trabalho bastante duro, tendo que trabalhar com materiais pesados como a madeira, a pedra e o ferro. Sob o ponto de vista econômico, não garantia grandes ganhos, como se pode deduzir do fato de Maria e José, quando apresentaram Jesus no Templo, oferecerem apenas um casal de rolas ou de pombas, como a Lei prescrevia para os pobres”, disse.
Profissão essa que foi ensinada a Jesus na adolescência. Francisco recordou que quando se tornou adulto, começou a pregar, e as pessoas se perguntavam “De onde vinham esta sabedoria e estes prodígios?” e se escandalizavam com ele porque era filho de um carpinteiro.
“Este dado biográfico sobre José e Jesus faz-me pensar em todos os trabalhadores do mundo, especialmente naqueles que trabalham arduamente em minas e em certas fábricas; pensemos neles, naqueles que são explorados através do trabalho não declarado; que recebem salário de contrabando, escondido, sem aposentadoria, sem nada, sem segurança, trabalho clandestino que é muito hoje, pensemos nas vítimas do trabalho”, destacou o Santo Padre.
“Que ultimamente foram muitas na Itália, nas crianças que são obrigadas a trabalhar; é terrível que uma criança na idade de brincar seja obrigada a trabalhar como um adulto, pensemos naqueles que vasculham os lixos em busca de algo útil para baratear. Todas essas pessoas são nossos irmãos e irmãs que ganham a vida assim. Não lhes dão dignidade! Pensemos nisso. Isso acontece hoje no mundo”, completou o Pontífice.
Desempregados
Na audiência geral o Papa também falou sobre os desempregados. “São pessoas que se sentem feridas na sua dignidade porque não conseguem encontrar um emprego e ao voltarem para casa, sem encontrar trabalho, passam na Cáritas para pegarem um pouco de pão”, afirmou. “O que lhe dá dignidade não é levar o pão para casa. Você pode pegar o pão na Cáritas, isso não lhe dá dignidade, mas o que dá dignidade é ganhar o pão”, reforçou.
Francisco ressaltou que os governantes devem se empenhar em encontrar formas de garantir que as pessoas possam trabalhar. “Se não damos ao nosso povo, aos nossos homens e mulheres a capacidade de ganhar o pão, isso é uma injustiça social naquele local, naquela nação, naquele continente. Os governantes devem dar a todos a possibilidade de ganhar o pão, pois ganhar o pão dá dignidade. O trabalho é uma unção de dignidade”, avaliou.
“Muitas vezes a procura de um trabalho torna-se tão dramática que são levados ao ponto de perderem toda a esperança e desejo de vida. Nestes tempos de pandemia, muitas pessoas perderam os empregos e algumas, esmagadas por um fardo insuportável, chegaram ao ponto de cometer suicídio. Gostaria hoje de lembrar cada uma delas e suas famílias”, afirmou o Santo Padre ao pedir um minuto de silêncio para recordar as pessoas desesperadas porque não encontram trabalho.
Segundo o Pontífice, o trabalho é um componente essencial da vida humana, e também do caminho da santificação. “O trabalho não é apenas um meio de ganhar a vida: é também um lugar onde nos expressamos, nos sentimos úteis e aprendemos a grande lição da realidade, o que ajuda a vida espiritual a não se tornar espiritualismo. Infelizmente, porém, o trabalho com frequência é refém da injustiça social e, em vez de ser um meio de humanização, torna-se uma periferia existencial”, apontou.
“Com efeito, o trabalho é um modo de expressar a nossa personalidade, que é relacional por natureza. E o trabalho também é uma forma de expressar nossa criatividade: cada um trabalha à sua maneira, com seu próprio estilo; o mesmo trabalho, mas com um estilo diferente”, finalizou o Papa.
Oração
Para concluir, o Papa Francisco recitou a oração que são Paulo VI ofereceu a são José em 1º de maio de 1969:
“Ó São José,
Padroeiro da Igreja
vós que, ao lado do Verbo encarnado
trabalhastes todos os dias para ganhar o pão
tirando d’Ele a força para viver e labutar;
vós que experimentastes a ansiedade do amanhã,
a amargura da pobreza, a precariedade do trabalho:
vós que irradiais hoje, o exemplo da vossa figura,
humilde perante os homens
mas grandíssima diante de Deus,
protegei os trabalhadores na sua dura existência quotidiana,
defendendo-os do desânimo
da revolta negadora,
bem como das tentações do hedonismo;
e preservai a paz no mundo,
aquela paz que, por si só, pode garantir o desenvolvimento dos povos. Amém”