Os participantes do workshop organizado pela Pontifícia Academia para a Vida para discutir a saúde pública no mundo se reuniram, nesta segunda-feira (27), com o Papa Francisco, em audiência no Vaticano. O evento que termina nesta terça-feira (28) visa debater valores éticos relacionados à experiência da pandemia de Covid-19 e analisar os desafios relacionados a uma “conversão” ética, médica e ecológica.
Durante a audiência, Francisco abordou o tema da pandemia e ressaltou que é necessário examinar com profundidade o que ocorreu nesses quase dois anos para construir um futuro melhor para todos. Segundo o Pontífice, “o horizonte da saúde pública nos permite focalizar aspectos importantes para a convivência da família humana e para o fortalecimento de um tecido de amizade social”, temas importantes da Encíclica Fratelli tutti.
O Papa disse ainda que faremos bem em tomar todas as medidas para conter e vencer a Covid-19 no âmbito global, mas devemos estar atentos ao que significa ser vulnerável e viver cotidianamente na precariedade.”Aprenderemos assim a não projetar nossas prioridades nas populações que vivem em outros continentes, onde outras necessidades são mais urgentes, por exemplo, não faltam apenas vacinas, mas água potável e o pão de cada dia. O compromisso com uma distribuição justa e universal de vacinas é, portanto, bem-vindo, mas deve levar em conta o campo mais amplo no qual os mesmos critérios de justiça são exigidos para as necessidades de saúde e promoção da vida”, afirmou o Pontífice.
“Se examinarmos a expectativa de vida – e vida saudável – em diferentes países e em diferentes grupos sociais, descobrimos grandes desigualdades. Elas dependem de variáveis tais como nível salarial, qualificação educacional, bairro de residência, mesmo na mesma cidade. Afirmamos que a vida e a saúde são valores igualmente fundamentais para todos, baseados na dignidade inalienável da pessoa humana. No entanto, se esta afirmação não for seguida de um compromisso adequado para superar as desigualdades, de fato aceitamos a dolorosa realidade de que nem todas as vidas são iguais e a saúde não é protegida para todos da mesma forma”, completou Francisco.
Por fim, o Santo Padre agradeceu o apoio da Pontifícia Academia para a Vida em contribuir em diversas discussões e atividades no Vaticano. “Devemos desenvolver cada vez mais estes processos realizados em conjunto, nos quais sei que muitos de vocês participaram, solicitando uma maior atenção às pessoas mais vulneráveis, como os idosos, os deficientes e os jovens”, concluiu Francisco.