A votação virtual no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5581 caminha para uma decisão favorável à vida, uma vez que seis ministros seguiram o voto da relatora, indeferindo os pedidos da associação de defensores públicos que interpelou a suprema corte à descriminalização do aborto no caso de mães infectadas pelo Zika Vírus. O bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers, convidou os católicos a permanecerem em oração, agora em ação de graças.
“Que tal continuarmos a rezar, agora em agradecimento? Colocarmos diante de Nossa Senhora e cada Ave-Maria ser o nosso ‘muito obrigado’, ser esse ‘Fica conosco, Senhor’? Nos alegrar com a vida que venceu graças à oração, à organização, à mobilização, ao estudo e o testemunho que nós estamos dando ao Brasil todo que a vida é dom de Deus”, propôs dom Ricardo na live Hora da Vida do último domingo.
O bispo se alegrou com a mobilização nacional em torno da defesa e da promoção da vida, ressaltou o apoio da Presidência da CNBB ao trabalho da Comissão para a Vida e a Família e da Comissão de Bioética e ainda salientou como deve ser feita a mobilização com os poderes públicos, sem radicalismos e exageros.
Comissão de Bioética e empenho da CNBB
Dom Ricardo recordou a composição da Comissão de Bioética da CNBB, com membros da Pastoral Familiar e profissionais de diversas áreas da ciência, que têm o “compromisso de ajudar os bispos a terem um conteúdo melhor, um conhecimento melhor sobre determinados temas”, como as biotecnologias frequentemente afetadas pelas constantes transformações e inovações.
Neste cenário de apoio aos bispos é que o trabalho tem recebido apoio da Presidência da CNBB, no estabelecimento da “melhor dinâmica possível”. Após envio à Presidência da CNBB de considerações científicas sobre a questão do aborto e, particularmente, sobre a ADI 5581, a direção da Conferência encaminhou o material aos demais bispos e escreveu aos ministros do STF afim de explicar os pontos do entendimento da Igreja sobre o tema “com muita racionalidade”.
Sem radicalismos
E neste sentido, de mostrar os argumentos da Igreja com racionalidade, dom Ricardo chamou atenção para a forma com que os fiéis apontam a posição da Igreja contra o aborto.
“Muito mais do que nós querermos metralhar os poderes constituídos, que dois deles fomos nós que votamos, muito mais do que buscar culpados, temos que trabalhar, e esse é o nosso esforço, com racionalidade, com argumentos, com alto nível de conversa, com aprofundamento, com ciência”, afirmou dom Ricardo.
Ele reforça ainda que não adianta xingar um ministro do Supremo, criticar as coisas que vem acontecendo de maneira vazia, o que não adianta nada. “Nós temos que nos munir – e temos condições disso – de todos os instrumentos necessários da nossa Sagrada Escritura, da nossa Tradição, do nosso Magistério, do nosso conhecimento científico, da nossa racionalidade e de tudo que a Igreja tem nesses dois mil anos de história, e apresentar essa humanização – a Igreja é especialista em humanidade – e os nossos argumentos”, explicou dom RIcardo.
“Nós não estamos numa guerra contra os poderes constituídos, mesmo que eles não pensem como nós, mesmo que eles estejam, inclusive, indo contra os princípios e valores cristãos. Nós não podemos nos digladiar com eles. Devemos mostrar os argumentos, a nossa posição, o que nós consideramos como correto, certo, científico, racional e, acima de tudo, ajuda-los também no discernimento”, explicou o bispo, lembrando que os ministros também necessitam de aprofundamento de temáticas para embasar suas decisões: “Se nós temos condições materiais e relacionais para apresentar os nossos argumentos de maneira correta, justa, sadia, nós mantemos o nível pelo qual somos chamados a testemunhar na sociedade que Cristo é Aquele que diz ‘A paz esteja convosco’”.