A família humana é um dom e uma graça de Deus que deve ser cultivada e valorizada, ainda que com as muitas diferenças entre seus membros. Esse foi um dos centros da homilia proferida pelo bispo diocesano de Rondonópolis-Guiratinga (MT), dom Maurício da Silva Jardim, na Santa Missa que fechou, no domingo, 20, a 18ª edição Caminhada das Famílias, que reuniu cerca de 1.200 fiéis católicos – de todas as paróquias da cidade.
A caminhada foi marcada por orações e cânticos num trajeto de cerca de 2,5 km, entre a Igreja Matriz Franciscana Sagrado Coração de Jesus e a Catedral Santa Cruz. Este ano, o evento que fechou a Semana Nacional da Família, teve como tema “Família fonte de vocações” e lema “Corações ardentes, pés a caminho”.
Famílias reais
Dom Maurício lembrou a importância da família como base para a superação de qualquer limite e obstáculos pessoal. “Quando a gente tem a família supera as dificuldades; e não tem família perfeita, não são famílias ideais; são reais; também ninguém casa com pessoa ideal, e sim com a real”, ressaltou, acrescentando que é na família que se faz a experiência de ser amado e de amar: “Se discute, às vezes se perde a paciência, mas também é onde a gente faz a experiência do perdão do diferente, já que não somos iguais, como nem os dedos da mesma mão o são – cada um é diferente. A família é um dom, uma graça que nós temos que valorizar e cultivar”, motivou.
A última palavra
Dom Mauricio também destacou o caráter “animador” do Livro do Apocalipse, fonte da 1ª Leitura da Missa, como forma de fortalecer a confiança e a fé da igreja primitiva, que padecia terrível perseguição do Império Romano. Ele lembrou que os cristãos eram perseguidos e mortos e tinham que rezar escondidos nas catacumbas e que São João o escreve como forma de animar os cristãos e enche-los da esperança de que a última palavra não é do mal e sim de Cristo.
“O dragão representa as forças do mal, se preparando para devorar o Filho que a mulher daria à Luz; é o inimigo, o Império que não quer que os cristãos se reúnam, se unam, se amem e vivam a fraternidade e vivam em comunidade. São João quer mostrar, para animar a igreja que na batalha com o mal, a Mulher (Igreja) sai vitoriosa, por meio do Salvador. Cristo é o vencedor do pecado e da morte. A última palavra na família, nas nossas vidas e comunidades não é do mal; é a Palavra de Jesus Cristo. Ele é o Alfa e o Ômega e tem a última palavra, é o vitorioso. E Isso hoje, deve encher também o nosso coração de esperança”, catequizou o bispo.
Dom Maurício reconheceu que, algumas vezes, olhando a realidade, pode até parecer que a maldade, o pecado e as injustiças estão vencendo. “Mas nós sabemos pela fé e pela esperança, que o Cristo vitorioso tem a última palavra”.
Magnificat
Dom Maurício Jardim também lembrou, ao falar sobre o Evangelho de São Lucas, com foco no canto do Magnificat, que da forma como a Maria, Deus trata com misericórdia as fragilidades das nossas famílias e comunidades.
“É um canto lindo e ao mesmo tempo revolucionário, porque Maria antevê e faz um resumo da história da salvação. Deus olhou para a pequenez da sua serva e olha também para a nossa fragilidade, para a nossa família; ela profetiza: Deus vai derrubar os poderosos do seu trono e exaltar os humildes”, pregou o bispo.
Dom Maurício finalizou recomendando que cada católico busque em Maria e peça a ela – como mestra e mãe – o dom da fé: “Uma fé que nos compromete, que faz a gente caminhar e sonhar com um mundo melhor. Maria é aquilo que Igreja aspira ser, é o protótipo da Igreja”, encerrou ele com a oração da Ave Maria.
Pela Vida
A caminhada também foi oportunidade de os fiéis da dioceses de Rondonópolis rezarem pela vida dos nascituros, manifestando-se contra a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que pode descriminalizar o aborto no Brasil até a 12ª semana de gestação.
Por Nilton Mendonça - Pascom diocesana de Rondonópolis-Guiratinga (com adaptações)