“As inovações tecnológicas introduziram novos valores e novos comportamentos no quotidiano das pessoas, algumas tendo incidência muito forte na maneira de compreender a família”. A afirmação é do bispo auxiliar de Salvador, na Bahia, dom João Carlos Petrini, durante a conferência “O impacto da tecnologia sobre a estrutura familiar”, proferida na manhã desta quinta-feira, 27, no Congresso Internacional promovido pela Pontifícia Academia para a Vida e pela CNBB, em Indaiatuba (SP).
Segundo dom Petrini, com a descoberta e a difusão da contracepção química, a sexualidade foi separada da procriação “e isto alterou substantivamente a percepção da sexualidade e das de intimidade”.
Dom Petrini reconheceu as conquistas das novas tecnologias, mas alertou também para os riscos que apresentam. “Entre as mudanças que aconteceram na família e no modo de compreender a vida humana, algumas constintuem irrenunciáveis conquistas de civilidade. Outras, pelo contrário, expressam a tendência a não reconhecer limites ao arbítrio individual para redefinir a experiência humana, no que diz respeito ao corpo e à esfera da intimidade, mesmo quando isso coloca em risco o desenvolvimento da própria humanidade”.
Na sua opinião, a valorização da família passa pelo reconhecimento de sua cidadania. “A família constitui o maior recurso humano e social disponível, e é de interesse dos poderes públicos não desperdiçar esses recursos”, afirmou. Para ele, o Estado deve considerar a criança, o idoso, a mulher, o adolescente “não como categorias abstratas ou indivíduos isolados, mas como membros de uma comunidade familiar”. Ainda de acordo com dom Petrini, uma primeira política social em favor da família é a criação de uma “cultura de família”.