O bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, presidiu a missa de abertura da Semana Nacional da Vida 2020. Em sua homilia, motivou a todos a serem anunciadores da vida.
“É agora nossa vez de nos colocarmos anunciadores da vida. Seja um anunciador da paz, da vida. Esse é o Evangelho que nós devemos levar às pessoas. Uma mensagem positiva que a vida vale a pena, desde o momento da concepção”, afirmou.
Fé na vida como um dom
Da primeira leitura, dom Ricardo ressaltou Jó como sinal do homem que persevera e não tem medo do sofrimento, e entende que de Deus vem tudo. “Também pode tirar, mas louvado seja o nome de Deus. Isso é a fé na vida como um dom. Se Deus me deu a existência, se eu estou aqui, ele vai me dar as condições para superar os meus problemas, minhas dificuldades”, disse o bispo.
Segundo dom Ricardo, a primeira lição da liturgia desta quinta-feira, quando a Igreja também celebra Santa Teresinha do Menino Jesus, vem da leitura do livro de Jó: “Vamos ter a confiança que Deus vai conduzir a nossa vida”.
“Você que está desanimado por causa da pandemia, entristecido porque não pode às vezes sair de casa, fazer as atividades normalmente, calma, paciência, vamos ver a paciência de Jó. No momento certo, tudo vai melhorar. Temos que ter essa clareza que Deus está no comando.
Não podemos cruzar os braços, absolutamente, mas também não podemos desesperar”, exortou dom Ricardo.
Discípulos enviados para anunciar a vida
Relacionando a passagem do Evangelho (Lc 10, 1-12) – quando Jesus escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente -, com a Semana Nacional da Vida, dom Ricardo falou que Jesus coloca o homem e a mulher como discípulos anunciadores da vida
Para cumprir este mandato de anunciar a vida, não basta dizer ‘Deus me deu a vida, que bom, estou feliz, alegre, contente’. É preciso, no entanto, “levar essa vida cheia de sentido: porque hoje o problema do mundo é a falta de sentido, que é a falta de ânimo, que vem da palavra em latim alma”.
Dom Ricardo continuou recordando o Evangelho pontuando a necessidade de chegar ao lugar da missão, como discípulos, primeiramente sendo positivos.
O costume, no entanto, é que “a primeira coisa que fazemos quando chegamos em algum lugar é ver os defeitos, os erros das pessoas”. Mas, a lógica de Deus não é do julgamento: “O nosso compromisso é ser portador do Evangelho da vida: chegar e dizer ‘a paz esteja contigo’”.
Como São Francisco, “temos que ser portadores de uma mensagem cheia de sentido, e quem dá esse sentido é Deus”, salientou dom Ricardo.
Curar os doentes
No Evangelho, Jesus envia os discípulos também para curar os doentes. Também hoje, os discípulos são chamados a cumprir essa missão, sem acomodação ou cada um fazendo a sua parte.
“Curar os doentes não significa sair por aí fazendo milagre, porque o milagre quem faz é Deus. Mas nós podemos ser portadores de esperança. Uma visita, uma presença, uma ligação, seja qual for a mensagem que você mandar para alguém. Diga ‘eu estou aqui, estou à disposição’. Não deixe ninguém se perder por solidão”.
Recordando esta realidade da solidão, dom Ricardo Hoepes sublinhou sobre o Dia Internacional do Idoso, também celebrado neste 1º de outubro, citando os idosos que vivem na solidão, abandonados. Recordou ainda as crianças que não tem pai, não tem mãe, que são abandonadas, além das famílias que ficaram sem as pessoas que amavam por conta da Covid-19.
É neste contexto que se insere o convite para sermos “anunciadores da vida”. Dom Ricardo sugeriu uma intervenção que seja presença: ‘Estou aqui do seu lado”.
A vida vale a pena desde a concepção até o fim natural
A vida, na sua simplicidade, começa com o encontro do espermatozoide com o óvulo. “E ali tem uma explosão de vida e já tem uma pessoa começando a se desenvolver. Tem que respeitar aquele processo, por isso a Igreja diz não ao aborto. Essa criança inocente, que não tem culpa de nada, ela tem direito à vida”, disse dom Ricardo.
No fim da vida, há o idoso que está hospital e vive o desprezo, como ‘um peso para a família’, daí a solução apresentada de desligar logo os aparelhos, de modo a ‘tirar a vida porque não vale a pena’. “A eutanásia, a Igreja diz não!”, lembra o bispo. “E assim o nosso não é para defendermos a vida e o nosso sim é para dizer ‘a vida vale a pena, estamos aqui e vamos cuidar dessa vida’”, continuou.
Ao final de sua homilia, dom Ricardo desejou a todos uma “Santa Semana da Vida, cheia de anúncio de paz, de cura interior, de alegria, de entusiasmo, uma semana da vida, onde essa vida de Deus se esparrame, nos anime, nos dê alegria para podermos anunciar que o nosso Deus é um Deus da vida, caminha conosco, está em nosso meio, ressuscitou e está vivo entre nós”.
A celebração foi transmitida direto da catedral São Pedro, em Rio Grande (RS), pelas redes sociais da Pastoral Familiar e da Canção Nova. A equipe da Pastoral Familiar na diocese de Rio Grande colaborou na preparação da celebração.