Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Com o tema sugestivo “Família como Santuário da Vida”, a Pastoral Familiar quer ajudar a refletir e dar caminhos de ação para o cuidado e proteção da vida, na Semana Nacional do Cuidado e Defesa da Vida. A pandemia trouxe, ao bojo, o recurso essencial da família para acompanhar, cuidar dos acometidos pelo coronavírus, fazendo uma diferença marcante.
A etapa de reabilitação que estamos vivendo precisa também de cuidados especiais e um olhar de zelo permanente em relação aos idosos ou pessoas com comorbidades, e novamente a família entra em cena pelos vínculos fortes que interligam seus membros. Ainda, é necessário destacar, que a resiliência e a fortaleza na imunidade dependem muito, todos sabemos, do aspecto emocional e do afeto que encontramos em nossa casa.
O lar torna-se, assim, como dizia o grande humanista Mahatma Ghandi, num Ashram, santuário da vida e da paz, de descanso e restauração. Hoje, despertamos, graças a Deus, para uma consciência planetária, da natureza como nossa pele, corpo e respiração, tudo isto mostra que, para nos curar, precisamos sanar a Terra e vice-versa. Porém, desconsideramos que a vida humana, que no seu início requisita ser acolhida com amor e ternura, solicita sempre atenção e relacionamentos próximos e saudáveis.
A palavra família deriva do latim “famulus”, próximo, pessoa que está perto, que nos atende sempre, este conceito revela algo maior e transcendente, a família sempre está, e constitui a instituição e o agrupamento humano que melhor acompanha e gerência o ciclo da vida de cada pessoa. Quando carecemos da referência familiar, devemos lutar dobrado para sermos alguém e descobrir nossa missão e propósito.
Nestes tempos bicudos, como falava o poeta Mário Quintana, ter uma família é contar com um refúgio, uma fortaleza espiritual e um equipamento social de primeira necessidade. Em momentos de crise, ira ou até descarte social, que bom é contar com um lugar onde somos sempre aceitos e bem vindos, amados incondicionalmente pelo que somos, sem ter que demonstrar nada, mas simplesmente conviver e amar.
Que sejamos sempre gratos a nossa família, pois ainda com suas imperfeições, limitações e defeitos, é a melhor escola de vida e de humanismo solidário, onde aprendemos a ser irmãos e cidadãos. Deus seja louvado!