Por Aleksandro Clemente
A sociedade atual passa por uma grave crise ética. São muitos os casos de corrupção, violência e desrespeito ao ser humano. Nesta sociedade hedonista, que busca o prazer imediato e particular em todas as coisas, valoriza-se mais o consumo do que a partilha, mais o dinheiro do que a honra, mais o sexo do que o amor; deseja-se mais liberdade com menos responsabilidade e o individualismo sobrepõe-se ao coletivo. Neste tipo de sociedade, é flagrante também a desvalorização da família. Logo ela, a família, que é a célula mãe da sociedade; a igreja doméstica; o porto seguro do ser humano.
Diante dessa dura realidade, a Igreja, fiel ao compromisso de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, denuncia a existência daquilo que o grande Papa João Paulo II chamou de cultura da morte, situação na qual a falta de ética e de compromisso para com o próximo resulta em inúmeras formas de morte: física, social e moral. Na Carta Encíclica Evangelium Vitae (Evangelho da Vida) o sumo pontífice ensina que “tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana, (…) são infamantes; ao mesmo tempo em que corrompem a civilização humana, (…) e ofendem gravemente a honra devida ao Criador.”.
Nesse contexto, a Igreja convoca todos os cristãos (leigos e sacerdotes) a se engajarem na luta pela dignidade humana, ao mesmo tempo em que nos convoca a agir contra tudo o que coloque em risco o dom supremo da vida: “A todos os membros da Igreja, povo da vida e pela vida, dirijo o mais premente convite para que, juntos, possamos dar novos sinais de esperança a este nosso mundo, esforçando-nos por que cresçam a justiça e a solidariedade e se afirme uma nova cultura da vida humana, para a edificação de uma autêntica civilização da verdade e do amor.” (Papa João Paulo II – Evangelium Vitae).
Atendendo ao chamado, a CNBB em sua 43º Assembléia Geral no ano de 2005 afirmou que a Igreja jamais poderá abrir mão do empenho de valorizar, promover e defender a vida humana. E conclama nossas paróquias e comunidades a refletirem sobre o valor da vida em todas as suas dimensões. Para essa reflexão, a CNBB propõe a criação das Comissões de Bioética e de Defesa da Vida nas quais, a partir de uma profunda reflexão ética, a causa da vida seja defendida. Propõe ainda o fortalecimento da Pastoral Familiar, para que não falte o efetivo acolhimento e apoio às famílias em dificuldades.
Sem dúvida nenhuma, é no fortalecimento dos vínculos afetivo-familiares que a vida humana será protegida, desde a fecundação até o seu natural declínio. Uma sociedade que não sabe valorizar a família, certamente não saberá valorizar a vida.
Viva a vida, viva a família!
Dr. Aleksandro Clemente é Advogado e Conselheiro Tutelar em São Paulo. Membro da Comissão de Defesa da República e da Democracia da OAB/SP, Diretor das Comissões de Cultura e do Jovem Advogado da 104° Subsecção da OAB/SP, Coordenador da Comissão de Bioética e Defesa da Vida da Diocese de São Miguel Paulista. (e-mail: dr.aleksandro@hotmail.com – Tel. (11) 7362-6188)