São Paulo — O valor necessário para suprir as necessidades básicas de uma família caiu em todas as capitais brasileiras em julho, mas segue mais de quatro vezes maior do que o salário mínimo vigente hoje, de R$ 998.
Segundo pesquisa mensal feita pelo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em julho foram necessários R$ 4.143,55 para pagar alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência de uma família formada por quatro pessoas.
Há um ano, em julho de 2018, o valor necessário foi de R$ 3.674,77, ou 3,85 vezes o salário mínimo na época, de R$ 954,00.
O cálculo é feito mensalmente desde 1994 com base no valor da cesta básica mais cara, atualmente Porto Alegre (R$ 493,22), seguida por São Paulo (R$ 493,16), Florianópolis (R$ 483,20) e Rio de Janeiro (R$ 479,28). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 359,95) e Salvador (R$ 372,25).
Sem aumento real
O governo Bolsonaro prevê aumento do salário mínimo dos atuais R$ 998 para R$ 1.040 no próximo ano. O reajuste será feito com base apenas pela inflação.
O valor é o resultado do piso atual, mais a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), estimada para encerrar este ano em 4,2%.
A ideia de não dar aumento real ao piso salarial foi enviada ao Congresso em abril, na proposta orçamentária do Executivo, e aprovada na quarta-feira (8), pela Comissão Mista de Orçamento (CMO).
O governo nega que esta seja uma nova política permanente para o mínimo, o que só seria definido em dezembro.
Instituída no governo Dilma Rousseff em 2011, a política de reajuste do mínimo previa correção dos salários com base na inflação do ano anterior somada à variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
Entre 2005 e 2019, o valor do salário mínimo no Brasil subiu 283,8% enquanto que a inflação medida pelo INPC avançou 120,2%.