Falecido no último sábado, 26 de agosto, aos 89 anos, o arcebispo emérito de Salvador e ex-presidente da CNBB, cardeal Geraldo Majella Agnelo, deixou um testamento espiritual. O conteúdo oferece reflexões sobre a dignidade da vida humana e seus aspirações para as famílias, as crianças e os jovens.
O cardeal faz um pedido a Deus, para que os governantes sejam iluminados, “que exerçam uma política voltada para o bem do povo brasileiro. Sem corrupção e sem Injustiça social”. Em seguida, fala sobre a dignidade da vida humana: “Suplico respeito à vida, tanto dos nascituros quanto dos idosos”.
Mais à frente, ele se dirige às famílias e pede que rejeitem leis que atentem contra a vida.
“Uma palavra às famílias, células vivas da sociedade. Não se enganem com as novas modalidades familiares. As leis não se sobrepõem à legalidade. Nem toda lei é legal e moral. Leis de aborto, sejam por que motivo forem, não são legais. A vida é dom precioso do criador, só Ele tem a última palavra. Não esqueçamos que o feto sacrificado é um assassinato terrível, ele não responde pela leviandade e desumanidade dos que o praticam”, alertou.
Ele também recorda das crianças: “quero recomendar a todos que as amem, respeitem e cuidem bem para crescerem com amor e temor o Deus e ao próximo”.
Aos jovens, dom Geraldo Majella exorta para “não perderem seus ideais de vida” e que “não sucumbam diante do desanimo, decepções e derrotas.”
“Lutem pela paz e por um mundo renovado na confiança e na esperança. Deus, não abandona os que n’Ele confiam. E não esqueçam de se questionar, ‘Deus está me chamando para uma vocação específica?’ Não tenham medo de dar seu SIM.
Vocês jovens, não são a esperança do futuro, mas do hoje. Sejam bons profissionais na escolha feita para sua realização pessoal e para o bem daqueles que precisarão dos seus serviços.
Deus ama aqueles que dão com alegria, seja no serviço, seja na generosidade em se compadecer dos mais pobres e desprovidos dos bens materiais e espirituais. Não desperdicem suas vidas, dom de Deus com coisas passageiras, elas são como palhas que o vento leva e acaba no fogo. O consumismo é a grande tentação do mundo moderno, a insatisfação e a ganância são uma doença que seduz as pessoas”.
Ao final, ele desejou a todas as pessoas de boa vontade que “procurem fazer sempre o bem sem olhar a quem”.
“Sejam pessoas do bem, semeadoras da paz, da bondade e do amor. Só assim poderemos ter um mundo mais humano e justo. Sejamos sempre um bom samaritano que se compadece do irmão que sofre no desconforto de qualquer dor e do esquecimento da sociedade desumanizada”.
Biografia
Mineiro de Juiz de Fora (MG), dom Geraldo Majella Agnelo, nasceu no dia 19 de outubro de 1933. Ingressou no seminário aos 12 anos, em sua cidade natal. Deu continuidade à formação em São Paulo (SP), para onde a família mudou-se. Foi ordenado presbítero em 29 de junho de 1957. Dez anos depois, iniciou a especialização em Liturgia, em Roma, formação que chegou ao Doutorado nos anos seguintes.
Depois de desempenhar diversas funções na arquidiocese de São Paulo, foi nomeado bispo de Toledo (PR), em 5 de maio de 1982. A ordenação episcopal foi no dia 6 de agosto do mesmo ano, pelo cardeal Paulo Evaristo Arns. Em 27 de outubro de 1982 foi nomeado arcebispo de Londrina (PR). No mesmo ano, assumiu a presidência da Comissão de Liturgia da CNBB, até 1987.
Ele contribui na criação da Pastoral da Criança; presidiu o departamento de Liturgia do Conselho Episcopal Latino Americano (Celam); foi secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos; membro da Pontifícia Comissão para a América Latina do Pontifício Comitê dos Congressos Eucarísticos Internacionais, entre outras tantas tarefas, como a presidência da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, em Aparecida (2007).
Em 13 de janeiro de 1999, foi nomeado arcebispo da arquidiocese de Salvador (BA) pelo Papa João Paulo II. Em 2003, foi eleito presidente da CNBB, ocupando a função até 2007.
O Papa Francisco manifestou “gratidão a Deus pelos longos anos de seu dedicado serviço à Santa Mãe Igreja, sempre pautado pelo zelo apostólico, nas diversas missões que lhe foram confiadas”.
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Foto de capa: arquivo/CNBB