Pediatra Mônica Guarnieri Machado foi entrevistada na live de abertura da Semana Nacional da Vida, nesta quinta-feira (1º)
Na abertura da Semana Nacional da Vida, promovida pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, por meio da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), nesta quinta-feira (1°), a pediatra Dra. Mônica Guarnieri Machado, compartilhou experiências de como colocou a sua vocação em função da luta pela vida no Brasil e em países da África. Ela foi entrevistada pelo secretário executivo da CNPF, padre Crispim Guimarães, em uma live transmitida pelas redes sociais. Com o tema “Salvar vidas em contexto extremo”, a médica católica falou sobre assuntos como mortalidade materna e infantil, aborto, adolescência, suicídio e cuidados em tempo de pandemia.
Por ter atuado em países da África, como Guiné e Moçambique, a especialista em pediatria comunitária e adolescência viu de perto a dor do próximo. Segundo Mônica, ter se formado em medicina foi um dom de Deus. “A vocação nasce da experiência do amor de Deus e se realiza na medida em que a gente sente que pode ser ponte, que é levar aquilo que o Senhor nos deu gratuitamente para aqueles que não tiveram a mesma oportunidade”, destacou. Por isso, se colocou em missão por seis anos juntamente com a Fidesco, uma organização católica que presta serviços voluntários aos mais pobres em diversos países.
Segundo ela, a experiência em mais de 30 anos de profissão mostrou que a vida é atacada desde o início. Muitas das vezes sem um atendimento adequado à gestante. “É muito importante o acesso a um pré-natal de qualidade”, disse. Mônica Machado também aproveitou a entrevista para definir, para ela, o que é a vida. “Os geneticistas dizem que após a concepção, nada mais é acrescentado. É uma questão de tempo para que aquele ser vá se transformando e adquirindo as suas habilidades”, explicou. “Então, vida é a oportunidade que Deus nos dá para crescer no amor”, completou Guarnieri.
Diante disso, Mônica lembrou-se de uma paciente na Guiné com Síndrome de Down, que não poderia realizar uma cirurgia cardíaca no país por conta da precariedade. Segundo a pediatra, uma entidade europeia se recusou a levar a criança para fora do país para realizar o procedimento porque não valeria a pena investir naquela vida. “É claro que isso ocorreu por conta da liberação do aborto em seus países. É uma eugenia, uma escolha de quem deve viver ou não. As pessoas não percebem, mas a descriminalização do aborto causa problemas sociais enormes. É uma sociedade que acaba perdendo o valor da vida. Uma sociedade de morte”, avaliou a especialista que acabou trazendo a criança para ser tratada no Brasil.

Adolescentes
Atualmente, Dra. Mônica atende adolescentes na periferia de São Paulo, em Diadema, em uma unidade de referência de doenças sexualmente transmissíveis e HIV. Ela alertou sobre a necessidade de estar atentos aos sofrimentos dos jovens e adolescentes. “Suicídio é um problema enorme na Europa há muito tempo, mas tem aumentado no Brasil. Atualmente, os jovens estão fazendo autolesão no corpo, que é sintoma de uma dor emocional muito grande. Um sofrimento existencial”, afirmou. A pediatra destacou também que é necessário discutir sobre o problema do abuso sexual. “É um enorme flagelo na nossa sociedade, pois o principal abusador está no núcleo da família. O abuso destrói a criança por dentro. É gravíssimo”, disse.
Tempo de pandemia
Por fim, em períodos extremos, como o que vivemos atualmente, a médica ressalta que ser a favor da vida, é muito mais do que ser contra descriminalização do aborto. “Vivemos em um momento em que há pessoas que são contra o aborto, mas são a favor das armas. A vida extrauterina é tão importante quanto a que está dentro do útero. Devemos ser também a favor do uso da máscara, neste período de coronavírus, por exemplo. Há várias situações que podemos estar a favor da vida”, explicou Machado.
Para assistir a live completa, clique aqui.
Semana Nacional da Vida
A Comissão Vida e Família promove, até a próxima quinta-feira (8), a Semana Nacional da Vida em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2020 “Vida: dom e compromisso”. O objetivo é dar destaque ao valor da vida humana, como dom de Deus, e à necessidade de promover o cuidado deste dom desde a concepção até o seu fim natural. Em todo o país as dioceses, paróquias e comunidades são motivadas a promoverem atividades voltadas ao debate sobre os cuidados, proteção e a dignidade da vida humana.
A CNPF oferece a cada ano o subsídio Hora da Vida, com encontros celebrativos e de reflexão sobre a temática da vida. No material, oferecido gratuitamente, há roteiros para os encontros da Semana Nacional da Vida e propostas de celebração para o Dia do Nascituro e para o dia de São Lucas, padroeiro dos médicos, celebrado em 18 de outubro.
No dia 8 de outubro, Dia do Nascituro, será realizada outra live. Na ocasião, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, partilha sobre o Pacto pela Vida e pelo Brasil. Também serão apresentadas durante a live experiências concretas de cuidado com a vida em várias partes do Brasil.