O Papa Francisco participou, nesta sexta-feira (10), da 4ª edição dos Estados Gerais da Natalidade, um evento promovido pelo Fórum das Associações Familiares. O objetivo do encontro é sensibilizar o público sobre os problemas ligados ao declínio da natalidade.
O Pontífice começou destacando que o tema da natalidade está próximo ao coração dele. “Os filhos são dons que recebemos, e isso nos faz lembrar que Deus tem fé na humanidade”, disse. O Santo Padre ressaltou também que para promover a taxa de natalidade é necessário realismo, clarividência e coragem.
Segundo o Papa, a palavra realismo, recorda que, no passado alguns estudos e teorias alertavam sobre o número de habitantes da Terra, pois o nascimento de muitas crianças criaria desequilíbrios econômicos, falta de recursos e poluição.
“Sempre me chamou a atenção o fato de que essas teses, já ultrapassadas, falavam dos seres humanos como se fossem problemas. Mas a vida humana não é um problema, é uma dádiva. E na raiz da poluição e da fome no mundo não estão as crianças que nascem, mas as escolhas daqueles que só pensam em si mesmos, o delírio de um materialismo desenfreado, cego e desmedido, de um consumismo que, como um vírus maligno, mina a existência das pessoas e da sociedade pela raiz”, disse o Papa.
Egoísmo e consumismo
Francisco apontou que o problema não é quantos de nós há no mundo, mas que tipo de mundo estamos construindo. “Não são as crianças, mas o egoísmo, que cria injustiças e estruturas de pecado, a ponto de tecer interdependências doentias entre sistemas sociais, econômicos e políticos”, explicou.
“O problema do nosso mundo não é o nascimento de crianças: é o egoísmo, o consumismo e o individualismo, que tornam as pessoas fartas, solitárias e infelizes.”
O Santo Padre alertou sobre a queda na taxa de natalidade, que já afeta diversos países. “Sem crianças e jovens, um país perde seu desejo de futuro. A Europa está se tornando um continente cansado e resignado, tão ocupado em exorcizar a solidão e a angústia que não sabe mais como saborear a verdadeira beleza da vida”, comentou.
Sobre a clarividência, o Papa sugeriu um compromisso maior por parte de todos os governos, para ajudar as famílias, as mães e muitos casais jovens a se livrarem do fardo da insegurança no trabalho e da impossibilidade de comprar uma casa. “É preciso promover uma cultura da generosidade e da solidariedade entre as gerações, rever hábitos e estilos de vida, renunciando ao supérfluo para dar aos mais jovens uma esperança para o amanhã”, afirmou.
Por fim, sobre a coragem, o Papa se dirigiu aos jovens. “Sei que para muitos de vocês o futuro pode parecer inquietante e que, entre a desnatalidade, as guerras, as pandemias e as mudanças climáticas, não é fácil manter viva a esperança. Mas não desistam, tenham fé, porque o amanhã não é algo inevitável: nós o construímos juntos e, nesse “juntos”, encontramos primeiramente o Senhor. Não nos resignemos a um roteiro escrito por outros, mas rememos para mudar de rumo, mesmo ao custo de ir contra a maré!”, disse.
Além disso, Francisco destacou o papel dos avós na construção do futuro. “Hoje existe uma cultura de esconder os avós, mandá-los para a casa de repouso. Agora mudou um pouco devido à aposentadoria, mas a tendência é a mesma: descartar os avós”, avaliou. “Avós sozinhos… Avós descartados… Isso é suicídio cultural. O futuro é feito pelos jovens e pelos idosos juntos; coragem e memória juntas”, apontou.
* Com informações do Vatican News