Na audiência geral desta quarta-feira (26), o tema da catequese do Papa Francisco foi “São José, homem que sonha”. Na ocasião, o Pontífice convidou aos pais, diante dos problemas dos filhos, a pensarem no Senhor, a pensarem em como o pai adotivo de Jesus Cristo resolveu os problemas e a pedirem a José que os ajude.
Para iniciar, o Papa apontou que na Bíblia os sonhos eram considerados um meio pelo qual Deus se revelava. “O sonho simboliza a vida espiritual de cada um de nós, aquele espaço interior, que cada um é chamado a cultivar e a proteger, onde Deus se manifesta e muitas vezes nos fala”, explicou.
Francisco ressaltou que dentro de cada um de nós não existe apenas a voz de Deus: existem muitas outras vozes. “Por exemplo, as vozes de nossos medos, experiências passadas, das esperanças; e há também a voz do maligno que quer nos enganar e confundir. Portanto, é importante ser capaz de reconhecer a voz de Deus no meio de outras vozes. José demonstra que sabe cultivar o silêncio necessário e tomar as decisões justas diante da Palavra que o Senhor lhe dirige interiormente”, disse.
Oração
Diante disso, o Papa comentou sobre os quatro sonhos de São José relatados no Evangelho:
- O anjo ajuda José a resolver o drama ao saber da gravidez de Maria e lhe disse para não ter medo de receber Maria como esposa. A resposta de José foi imediata, pois quando acordou fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado.
“De fato, muitas vezes é a oração que faz nascer em nós a intuição do caminho de saída. Como resolver aquela situação. Queridos irmãos e irmãs, o Senhor nunca permite um problema sem nos dar também a ajuda necessária para enfrentá-lo. O Senhor quando nos faz ver um problema ou revela um problema, nos dá sempre sua ajuda, sua presença para sair, para resolvê-lo”, destacou Francisco.
2. Quando a vida do menino Jesus está em perigo. Ele pegou o menino Jesus e sua mãe e fugiram para o Egito e ficaram lá até a morte de Herodes.
“Na vida fazemos experiência de perigos que ameaçam nossa existência ou a de quem amamos. Nessas situações, rezar significa escutar a voz que pode fazer nascer em nós a coragem de José para enfrentar as dificuldades sem sucumbir”, apontou o Santo Padre.
3. No Egito, José espera de Deus o sinal para poder voltar para casa. O anjo lhe revela que aqueles que queriam matar o menino morreram e ordena a José de partir com Maria e Jesus e retornar à sua pátria.
4. Na viagem de volta, “quando soube que Arquelau reinava na Judéia, como sucessor de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá”. Depois de receber aviso em sonho, José partiu para a região da Galileia, e foi morar numa cidade chamada Nazaré.
“O medo também faz parte da vida e ele também precisa da nossa oração. Deus não nos promete que não teremos mais medo, mas que, com sua ajuda, o medo não será o critério de nossas decisões. José experimenta o medo, mas Deus também o guia através do medo. O poder da oração ilumina as situações sombrias”.
Problemas dos filhos
Na sequência, o Papa Francisco recordou como os pais devem agir diante dos problemas dos filhos – seja por causa de doença, de orientação sexual, na educação, entre outros. “Filhos doentes, com doenças permanentes. Quanta dor ali! Pais que veem orientações sexuais diferentes nos filhos, como lidar com isso e acompanhar os filhos e não se esconder no comportamento de condenação. Pais que veem os filhos morrerem por causa de uma doença, e o mais triste, vemos todos os dias nos jornais, os jovens que fazem travessuras e morrem em acidentes de carro. Pais que veem os filhos não prosseguirem na escola, muitos problemas dos pais. Pensemos em como ajudá-los”, ressaltou.
“A esses pais eu digo que não se espantem. Há muita dor, muita, mas pensem no Senhor, pensem em como José resolveu os problemas e peçam a José que os ajude. Nunca condenar um filho”, completou o Santo Padre. Além disso, o Pontífice recordou as mães que visitam os filhos nas prisões e que não os deixam sozinhos.
O Papa concluiu ao dizer que a oração nunca é um gesto abstrato ou intimista. “A oração está sempre indissoluvelmente ligada à caridade. Somente quando unimos o amor à oração, amor pelo filho e pelo próximo, conseguimos compreender as mensagens do Senhor. José rezava, trabalhava e amava, e por isso sempre recebeu o necessário para enfrentar as provações da vida. Confiemo-nos a ele e à sua intercessão”, finalizou.