A catequese do Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira (30) foi sobre a “Fidelidade à visita de Deus para a geração futura”. Os idosos Simeão e Ana, que estavam no Templo quando os pais foram apresentar Jesus, estiveram no centro da catequese do Pontífice. “Lembramos que o comportamento de um cristão é estar atento às visitas do Senhor, porque o Senhor passa, em nossa vida, com as inspirações, com o convite para sermos melhores”, apontou o Pontífice.
Francisco lembrou que Simeão sabia, através da obra do Espírito Santo, que não morreria antes de ter visto o Messias. Ana, por sua vez, ia ao templo todos os dias, dedicando-se ao seu serviço. Ambos reconheceram a presença do Senhor no Menino Jesus, que enche de consolação a sua longa espera e tranquiliza a sua despedida da vida.
“O que podemos aprender com estas duas figuras de idosos cheios de vitalidade espiritual?”, perguntou o Papa. “Aprendemos que a fidelidade da espera aguça os sentidos. O Espírito Santo faz exatamente isso: ilumina os nossos sentidos, aguça os sentidos da alma, apesar dos limites e das feridas dos sentidos do corpo: um é mais cego, um mais surdo”, destacou o Papa.
Sobre a passagem de Deus, o Santo Padre também lembrou o que dizia Santo Agostinho: “Tenho medo de Deus quando ele passa” – “Mas por que você tem medo?” – “Tenho medo de não perceber e deixá-lo passar”. É o Espírito Santo que prepara os sentidos para entender quando o Senhor nos visita, como fez com Simeão e Ana”, apontou.
Sinais
Segundo o Papa, precisamos estar sempre atentos para reconhecer os sinais de Deus, ou seja, o Sinal de Deus, que é Jesus. Um sinal que sempre nos põe em crise. “É um sinal de contradição, mas que nos enche de alegria. A crise não traz necessariamente tristeza. Portanto, o problema é a anestesia dos sentidos espirituais, isto é ruim, uma síndrome generalizada numa sociedade que cultiva a ilusão da juventude eterna”, disse.
“Quando perdemos a sensibilidade do tato ou do paladar, damo-nos conta imediatamente. A da alma, ao contrário, podemos ignorá-la por muito tempo. A insensibilidade dos sentidos espirituais diz respeito à compaixão e à piedade, à vergonha e ao remorso, à fidelidade e à dedicação, à ternura e à honra, à responsabilidade própria e à dor pelo próximo”, afirmou o Santo Padre.
“O que podemos fazer para preencher esta lacuna? Em que consiste concretamente a revelação que estimula a sensibilidade de Simeão e Ana? “, questionou Francisco. “Consiste em reconhecer numa criança, que eles não geraram e que veem pela primeira vez, o sinal certo da visita de Deus. Eles aceitam que não são protagonistas, mas apenas testemunhas”, completou o Pontífice.
Superficialidade e amadurecimento
Segundo Francisco, quando alguém aceita não ser protagonista, demonstra que está amadurecendo bem. “A velhice que cultivou a sensibilidade da alma extingue toda a inveja entre as gerações, todo o ressentimento, toda a recriminação pelo advento de Deus na geração seguinte, que chega com a despedida da própria”, concluiu o Papa Francisco.