O Papa Francisco se reuniu com cerca de 300 pessoas, na Sala Clementina, no Vaticano. O público era formado por participantes de uma Conferência sobre “Santo Afonso, pastor dos últimos e doutor da Igreja”, promovida pela Pontifícia Academia Afonsiana, de Roma. A entidade é especializada em teologia moral. Na ocasião, o Pontífice chamou os estudiosos a ver o amor de Deus, não uma moral fria.
“Fiéis à tradição afonsiana, vocês procuram oferecer uma proposta de vida cristã que, respeitando as exigências da reflexão teológica, não seja uma moral fria, uma moral de escrivaninha, eu diria uma moral “casuística” e digo isso sabendo porque, infelizmente, estudei uma moralidade ‘casuística’ naquela época”, contou o Santo Padre.
“Graças a Deus que aquilo é passado, era uma moral fria de escrivaninha. O que se exige de vocês é uma proposta que responda a um discernimento pastoral carregado de amor misericordioso, visando compreender, perdoar, acompanhar e sobretudo integrar (cf. Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, 312). Ser eclesial pressupõe isto: integrar”, completou Francisco.
Francisco destacou que a formação “deve ajudar os fiéis a compreender a grandeza de levar a caridade de Cristo ao mundo” (cf. Decr. Optatam totius, 16), “o amor de Deus” que guia as escolhas de cada um. Por isso a importância de “entrar em uma relação viva com o Povo de Deus”, especialmente com os últimos, dando respostas às dificuldades reais através da luz de Cristo.
Bioética
Em relação ao campo da bioética, o Papa convidou os participantes a exercer a paciência da escuta e a não ter medo diante de situações de conflito. Francisco também sugeriu adotar métodos de pesquisa transdisciplinar que permitam “abordar novos desafios com maior competência e capacidade crítica, à luz do Evangelho e da experiência humana. O Santo Padre também recomendou a “tornar acessível” e com uma “linguagem do povo” o trabalho realizado pelos profissionais da área
Outras questões
O Papa ainda comentou sobre as questões de moralidade social pertinentes à crise ambiental, à transição ecológica, à guerra, ao sistema financeiro, à construção de fraternidade entre os povos, e mais atualmente, à migração e à pedofilia, para estimular a pesquisa e o diálogo. “A Igreja espera que a Pontifícia consiga conciliar rigor científico e proximidade ao santo povo fiel de Deus, dando respostas concretas aos problemas reais, atentas à Verdade salvadora e ao bem das pessoas”, destacou.
Por fim, o Pontífice alertou os especialistas sobre entrar com humildade e sabedoria no complexo tecido da sociedade em que vivemos. “Falo de caminhos, caminhos adequados, não de soluções matemáticas. Os problemas se resolvem caminhando eclesialmente como povo de Deus. E caminhar com as pessoas no estado moral em que se encontram. Caminhar com eles e procurar uma maneira de resolver seus problemas, mas caminhando, não ficar sentados como doutores que, com o dedo assim, condenam sem se importarem”, concluiu.
*Com informações do Vatican News