A catequese do Papa Francisco sobre a velhice, nesta quarta-feira (11), durante a audiência geral realizada na Praça São Pedro, abordou o testemunho de Judite, que se encontra no Antigo Tratamento. Na ocasião, o Pontífice ressaltou que os avós não são aposentados frágeis, mas pessoas com talentos a serem valorizados.
“Para os avós, uma parte importante da sua vocação é ajudar os filhos na educação das crianças. Os pequeninos aprendem a força da ternura e o respeito pela fragilidade: lições insubstituíveis que, com os avós, são mais fáceis de transmitir e de receber. Os avós, por sua vez, aprendem que a ternura e a fragilidade não são apenas sinais de declínio: para os jovens, constituem passagens que tornam humano o futuro”, destacou.
Já no início, as palavras do Papa fizeram questão de recordar que Judite foi uma heroína bíblica, que defendeu Israel contra os seus inimigos. Com sua maneira astuta de agir, ela foi capaz de degolar o ditador que veio contra o país.
“Depois da grande aventura que a vê protagonista, Judite volta a viver na sua cidade, Betúlia, onde vive uma boa velhice, até cento e cinco anos. Judite viveu mais de cem anos, uma bênção especial”, apontou. Ele questionou ainda sobre como fazer frutificar o tempo da aposentadoria: “Como posso crescer em autoridade, santidade e sabedoria?”, perguntou o Papa.
“A aposentadoria coincide com um merecido e desejado descanso de atividades exigentes e cansativas. Mas também acontece que o fim do trabalho representa uma fonte de preocupação e seja esperado com uma certa inquietação”, destacou o Santo Padre que acrescentou que a importância do benefício para o orçamento familiar e em outras situações. “Hoje, nessa situação socioeconômica, os avós se tornaram muito importantes, porque têm a aposentadoria”. Pensa-se assim! Há novas exigências, até no âmbito das relações educativas e parentais, que requerem a reformulação da aliança tradicional entre as gerações.
Herança
O Papa Francisco recordou que Judite ficou viúva cedo e não teve filhos, mas na velhice pode viver um tempo de plenitude e serenidade, consciente de ter vivido a missão que o Senhor lhe confiara. “Para ela é o tempo de deixar o bom legado da sabedoria, da ternura, dos dons à família e à comunidade: uma herança de bem e não só de bens. Quando pensamos em herança, às vezes pensamos nos bens, e não no bem que foi feito na velhice e que foi semeado, esse bem que é a melhor herança que podemos deixar”, apontou o Pontífice.
Na velhice, perde-se um pouco da vista, mas o olhar interior torna-se mais agudo. Torna-se capaz de ver coisas que antes passavam despercebidas. É assim: o Senhor não confia os seus talentos apenas aos jovens e aos fortes: tem talentos para todos, à medida de cada um. A vida das nossas comunidades deve saber desfrutar dos talentos e carismas de tantos idosos que no registo civil já estão aposentados, mas são uma riqueza a ser valorizada. Isto requer, da parte dos próprios idosos, uma atenção criativa e nova, uma disponibilidade generosa.
Papa Francisco
Para finalizar, o Santo Padre sugeriu que os fiéis lessem o Livro de Judite, um livro pequeno de apenas dez páginas. “Eu gostaria que todas as nossas avós fossem assim: corajosas, sábias e que nos deixem a herança não do dinheiro, mas da sabedoria, semeada em seus netos”, concluiu.