A quarta catequese do Papa Francisco sobre a figura de São José, realizada durante as audiências gerais, abordou o tema do silêncio do pai adotivo de Cristo. Na última quarta-feira (15), Francisco destacou que devemos aprender a cultivar este momento. “Aquele espaço de interioridade nos nossos dias nos quais damos ao Espírito a oportunidade de nos regenerar, de nos consolar, de nos corrigir”, afirmou. Nas outras três catequeses anteriores, o Santo Padre falou sobre o ambiente em que São José viveu, o seu papel na história da salvação e o seu ser justo e esposo de Maria
“Deus se manifestou no momento de maior silêncio. É importante pensar no silêncio nesta época em que parece não ter muito valor”, disse Francisco. “Os Evangelhos não registram palavras de José de Nazaré. Isto não significa que ele fosse taciturno, não, há uma razão mais profunda. Com este silêncio, José confirma o que Santo Agostinho escreveu: «Na medida em que cresce em nós a Palavra, o Verbo que se fez homem, diminuem as palavras». José com o seu silêncio nos convida a deixar espaço à Presença da Palavra feita carne, ou seja, a Jesus”, destacou o Papa.
O Pontífice comentou sobre o combate de ficar em silêncio nos tempos atuais. “Como seria bom se cada um de nós, seguindo o exemplo de São José, conseguisse recuperar esta dimensão contemplativa da vida aberta pelo silêncio. Mas todos sabemos por experiência que não é fácil: o silêncio nos assusta um pouco, porque nos pede para entrarmos em nós mesmos e encontrarmos a parte mais verdadeira de nós. Tanta gente tem medo do silêncio e precisa falar, falar ou ouvir rádio, ver televisão, mas não pode aceitar o silêncio porque tem medo. O filósofo Pascal observou que «toda a infelicidade dos homens provém de uma só coisa: não saber ficar tranquilo num quarto»”, ressaltou.
Francisco alertou também sobre os barulhos causados pelas preocupações, tentações, desejos e esperanças que nos habitam. “Sem a prática do silêncio o nosso falar adoece. Ele, em vez de fazer resplandecer a verdade, pode se tornar uma arma perigosa. De fato, as nossas palavras podem tornar-se adulação, soberba, mentira, maledicência, calúnia. É um dado da experiência que, como nos lembra o Eclesiástico, «a língua mata mais do que a espada». Jesus disse-o claramente: quem fala mal do irmão ou da irmã, quem calunia o próximo, é homicida. Mata com a língua. Nós não acreditamos nisso, mas é verdade. Pensemos um pouco nas vezes em que matamos com a língua, sentiríamos vergonha!”, enfatizou o Papa.
“A profundidade do coração cresce com o silêncio, silêncio que não é mutismo como eu disse, mas que deixa espaço para a sabedoria, a reflexão e o Espírito Santo. Não tenhamos medo dos momentos de silêncio, não tenhamos medo! Isso nos fará muito bem”, apontou.
Segundo o Papa, São José uniu o silêncio à ação- ele não falou, mas fez, e assim nos mostrou o que Jesus disse uma vez aos seus discípulos: “Nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos Céus. Silêncio. Palavras fecundas quando falamos. Silêncio, falar direito, morder um pouco a língua, o que às vezes é bom, em vez de dizer bobagem”, finalizou Francisco.
*Foto de capa: Daniel Ibáñez (ACI Prensa)