O Papa Francisco concluiu as sessões de trabalho do Sínodo da Família com um discurso no qual manifestou que “o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas”.
Em sua intervenção, sublinhou de novo a indissolubilidade do matrimônio e disse que encerrar o Sínodo significa verdadeiramente “‘caminhar juntos’ para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus”.
O Sínodo da Família – que teve duração de três semanas – concluiu na tarde de sábado, 24, com a votação dos padres sinodais ao documento ou Relatório final e com o discurso do Papa Francisco.
O Santo Padre se perguntou: “Que há-de significar, para a Igreja, encerrar este Sínodo dedicado à família?”. Em sua resposta afirmou que tratou que iluminar “com a luz do Evangelho, da Tradição e da história bimilenar da Igreja” os temas inerentes à família.
“Seguramente não significa que encontrámos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família, mas que colocamos tais dificuldades e dúvidas sob a luz da Fé, examinámo-las cuidadosamente, abordámo-las sem medo e sem esconder a cabeça na areia”.
Matrimônio homem-mulher indissolúvel
O Papa também explicou que isso significa “que solicitamos todos a compreender a importância da instituição da família e do Matrimónio entre homem e mulher, fundado sobre a unidade e a indissolubilidade e a apreciá-la como base fundamental da sociedade e da vida humana”.
“Significa que demos provas da vitalidade da Igreja Católica, que não tem medo de abalar as consciências anestesiadas ou sujar as mãos discutindo, animada e francamente, sobre a família”.
“Significa que procuramos olhar e ler a realidade, melhor dito as realidades, de hoje com os olhos de Deus, para acender e iluminar, com a chama da fé, os corações dos homens, num período histórico de desânimo e de crise social, económica, moral e de prevalecente negatividade”.
Mas também “que testemunhamos a todos que o Evangelho continua a ser, para a Igreja, a fonte viva de novidade eterna, contra aqueles que querem ‘doutriná-lo’ como pedras mortas para as jogar contra os outros”.
Ataques ideológicos
O Pontífice abordou a diferença de culturas dos padres sinodais e sublinhou que “vimos também que aquilo que parece normal para um bispo de um continente, pode resultar estranho, quase como um escândalo, para o bispo de outro continente”.
“Na realidade – indicou – as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral, se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado”.
O Bispo de Roma manifestou que “o desafio que temos pela frente é sempre o mesmo: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas”.
Um dos temas pressente nestas semanas de reuniões foi o da misericórdia e da bondade de Deus, que o Sínodo “tratou de abraçar”.
“Isto não significa de forma alguma diminuir a importância das fórmulas, a importância das leis e dos mandamentos divinos, mas exaltar a grandeza do verdadeiro Deus, que não nos trata segundo os nossos méritos nem segundo as nossas obras, mas unicamente segundo a generosidade sem limites da sua Misericórdia”.
“Neste sentido, o necessário arrependimento, as obras e os esforços humanos ganham um sentido mais profundo, não como preço da Salvação – que não se pode adquirir – realizada por Cristo gratuitamente na Cruz, mas como resposta Àquele que nos amou primeiro e salvou com o preço do seu sangue inocente, quando ainda éramos pecadores”.
O Papa também assinalou que “o primeiro dever da Igreja não aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor”.
Depois de recordar algumas palavras do Beato Pablo VI, de São João Paulo II e de Bento XVI relacionado com este ponto, sublinhou que nestes dias de reuniões “muitos de nós experimentaram a ação do Espírito Santo, que é o verdadeiro protagonista e artífice do Sínodo”.
“Para todos nós, a palavra ‘família’ já não soa como antes do Sínodo, a ponto de encontrarmos nela o resumo da sua vocação e o significado de todo o caminho sinodal”.
O Papa finalizou sua intervenção explicando que “para a Igreja, encerrar o Sínodo significa voltar realmente a ‘caminhar juntos’ para levar a toda a parte do mundo, a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Deus”.
Antes do discurso do Pontífice, o Cardeal Raymundo Damasceno, Arcebispo da Aparecida (Brasil) realizou uma breve intervenção como Presidente Delegado. Em seguida, foi feita outra breve intervenção do Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário Geral do Sínodo.
Por Alvaro da Luana
Fonte ACI