Dom Ricardo Hoepers
Bispo de Rio Grande (RS)
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB
O Papa Francisco nos convida a darmos uma resposta cristã aos desafios da Bioética. Em tempos de pandemia, de guerra e de crise social, esse apelo do Papa nos toca diretamente. A vida está sendo desprezada, desrespeitada, desde a concepção até o seu fim natural. Todos os dias vemos novos dilemas bioéticos (início da vida, final de vida, políticas públicas e biotecnologias) que não estão sendo tratados com a devida seriedade. O ser humano está sendo descartado e utilizado como se fosse um objeto, tornando-se refém de suas próprias tecnologias e perdendo sua dignidade.
Portanto, o Papa nos conclama, em sua rede de oração, a responder os desafios da Bioética com um olhar cristão, isto é, um olhar humano e humanizador. Deus se fez humano para nos revelar a dignidade e a sacralidade da vida. Isso significa que devemos anunciar o Evangelho da Vida. Não podemos esconder a cabeça como o avestruz, isto é, nos omitir diante de tantas atrocidades contra a vida humana na cultura do descarte.
Este é um momento favorável para anunciar que a vida é dom de Deus, que os interesses econômicos não podem manipular a ciência para seus interesses e que o progresso não pode se sobrepor ao respeito que devemos ter para cada vida humana.
Todos nós podemos escolher a vida, desde os pequenos gestos no seio familiar, nas comunidades eclesiais missionárias, nas escolas, nas universidades, em todos os âmbitos sociais, até as grandes estruturas que compõe a organização do planeta. A resposta cristã será gestos concretos de amor e solidariedade pela promoção, defesa e cuidado com a vida, dom de Deus.
Estamos com o Papa, a Comissão Vida e Família, a Pastoral Familiar Nacional e a Comissão Nacional de Bioética da CNBB têm organizado o Serviço à Vida em cada Regional do Brasil para construir pontes e caminhos bioéticos, onde a fé, a ciência, a tecnologia e a ética possam caminhar juntas, na construção de uma sociedade em que a vida tem um valor e uma dignidade que devem ser respeitados.
São muitos gestos concretos que já mobilizam nossas comunidades com apoio a mães gestantes, nos hospitais, nas casas de idosos, com dependentes químicos, nos presídios, nas periferias, nas escolas e nos centros comunitários e muitos outros espaços onde se descobriu que muitas vidas podem ser salvas com pequenos gestos de amor. Faça a sua parte, procure se engajar em sua comunidade onde tenha algum projeto que promove, defende ou cuida da vida desde a concepção até seu fim natural.