A Congregação para a Doutrina da Fé divugou nesta terça-feira, 22 de setembro, a carta Samaritanus Bonus – sobre o cuidado das pessoas nas fases críticas e terminais da vida. O texto parte da imagem do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 30-37) e apresenta reflexões sobre o acompanhamento da pessoa doente nas fases terminais da vida, além de indicações pastorais diante da necessidade de assistência espiritual e das dúvidas relacionadas ao suicídio assistido e à eutanásia voluntária.
Da imagem do Bom Samaritano, que é o próprio Jesus Cristo, o documento apresenta o Senhor como “médico das almas e dos corpos e testemunha fiel da Presença salvífica de Deus no mundo”. Também visa oferecer o acompanhamento aos enfermos com respeito e promoção da “inalienável dignidade humana, o seu chamado à santidade e, por conseguinte, o valor supremo da sua própria existência”.
“A Igreja olha com esperança as pesquisas científicas e tecnológicas e nelas vê uma oportunidade favorável de serviço ao bem integral da vida e da dignidade de cada ser humano. Todavia, esses progressos da tecnologia médica, ainda que preciosos, não são por si mesmos determinantes para qualificar o sentido próprio e o valor da vida humana. De fato, cada progresso nas habilidades dos profissionais da saúde requer uma crescente e sábia capacidade de discernimento moral para evitar a utilização desproporcional e desumanizante das tecnologias, sobretudo nas fases críticas ou terminais da vida humana”.
SAMARITANUS BONUS – SOBRE O CUIDADO DAS PESSOAS NAS FASES CRÍTICAS E TERMINAIS DA VIDA
De acordo com a Congregação, o documento deseja “iluminar os pastores e os fieis nas suas preocupações e nas suas dúvidas acerca da assistência médica, espiritual e pastoral devida aos doentes nas fases críticas e terminais da vida”. As reflexões propostas no texto expõem desafios “capazes de colocar em jogo o nosso modo de pensar a medicina, o sentido do cuidado da pessoa doente e a responsabilidade social em relação aos mais vulneráveis”.

Dimensão do cuidado
“Incurável não é jamais sinônimo de incuidável”: os que sofrem de uma doença em fase terminal como os que nascem com uma previsão de sobrevivência limitada têm o direito de ser acolhido, cuidado, rodeado de afeto. O documento ensina que a Igreja se opõe à obstinação terapêutica, mas reforça como “ensinamento definitivo” que “a eutanásia é um crime contra a vida humana”.
Também que “qualquer cooperação formal ou material imediata a um tal ato é um pecado grave” que nenhuma autoridade “pode legitimamente” impor ou permitir. A carta foi aprovada pelo Papa Francisco em junho passado e publicada hoje, 22 de setembro de 2020.
Resumo
O padre Rafael Solano, da arquidiocese de Londrina (PR), é mestre e doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e pós-doutor em Teologia Moral e Familiar pelo Pontifício Instituto João Paulo II de Roma, Universidade Lateranense de Roma. Ele ofereceu um resumo do documento, que pode servir como chave de leitura.
INTRODUÇÃO: Cinco são os pontos essenciais da introdução do texto:
O Bom Samaritano deixa o seu caminho para se ocupar e socorrer quem no meio do caminho está ferido.
Como traduzir esta pagina do Evangelho, na situação daqueles que precisam acompanhar e serem acompanhados na fase terminal das suas vidas, respeitando em tudo momento a dignidade das suas vidas.
Os desenvolvimentos científicos não são por si mesmos determinantes para qualificar o valor da vida humana; isto exige uma clara e contundente maneira de discernir moralmente o trabalho dos pesquisadores e dos operadores sanitários.
Como podemos estabelecer canais de comunicação entre os pacientes terminais, suas famílias, os médicos e o sistema de saúde; dentro dos quais exista uma consciência de uma comunidade “sadia”.
Fornecer orientações pastorais suficientemente claras a luz do magistério, para que os membros da pastoral da saúde em todos os ambientes hospitalares possam acompanhar e fortalecer o paciente mesmo nas horas mais criticas o terminais da sua existência.
Padre Rafael Solano