As belezas, os desafios e as esperanças da vida familiar são meditadas semanalmente pelo papa Francisco. Vale recordar os preciosos conselhos do pastoral. Em dezembro de 2014, o papa Francisco iniciou um ciclo de catequese sobre a família.
A caminhada de reflexão está inserida no contexto de preparação para o Sínodo dos Bispos sobre a Família, que acorrerá de 4 a 25 de outubro, no Vaticano. “Gostaria que também as meditações habituais das audiências de quarta-feira se inserissem neste caminho comum. Desejei, por isso, refletir com vocês, nesse ano, justamente sobre família, sobre este grande dom que o Senhor deu ao mundo desde o princípio”, disse o papa na primeira catequese em que falou da Sagrada Família.
Confira trechos das catequeses em que o papa refletiu sobre a vocação paterna, a missão da mulher na família, o dom de ser filho e irmão, o valor dos avós,
Ser família como Nazaré
Deus escolheu nascer em uma família humana, que formou Ele mesmo. Ele formou em uma vila remota da periferia do Império Romano. Não em Roma, que era a capital do Império, não em uma grande cidade, mas em uma periferia quase invisível, bastante mal falada. Recordam-no também os Evangelhos, quase como um modo de dizer: “De Nazaré pode vir alguma coisa de bom?” (Jo 1, 46). Talvez, em muitas partes do mundo, nós mesmos ainda falamos assim, quando ouvimos o nome de qualquer lugar periférico de uma grande cidade. Bem, justamente dali, daquela periferia do grande Império, começou a história mais santa e melhor, aquela de Jesus entre os homens! E ali se encontrava esta família. […] A família de Nazaré nos empenha a redescobrir a vocação e a missão da família, de cada família. […] E esta é a grande missão da família: dar lugar a Jesus que vem, acolher Jesus na família, na pessoa dos filhos, do marido, da esposa, dos avós… Jesus está ali. (Catequese, 17/12/2014)
Mães de ternura
Uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral. As mães transmitem, muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática religiosa: nas primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende, é inscrito no valor da fé na vida de um ser humano. É uma mensagem que as mães que acreditam sabem transmitir sem tantas explicações: estas chegarão depois, mas a semente da fé está naqueles primeiros, preciosíssimos momentos. Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do seu calor simples e profundo. E a Igreja é mãe, com tudo isso, é nossa mãe! Nós não somos órfãos, temos uma mãe! (Catequese, 07/01/2015)
Pais ausentes
O sentido de orfandade que tantos jovens vivem é mais profundo que aquilo que pensamos. São órfãos na família, porque os pais muitas vezes são ausentes, mesmo fisicamente, da casa, mas, sobretudo porque, quando estão ali, não se comportam como pais, não dialogam com os seus filhos, não cumprem o seu papel educativo, não dão aos filhos, com o seu exemplo acompanhado de palavras, aqueles princípios, aqueles valores, aquelas regras de vida de que precisam como precisam do pão. A qualidade educativa da presença paterna é tanto mais necessária quanto mais o pai é obrigado pelo trabalho a estar distante de casa. […] E então fará bem a todos, aos pais e aos filhos, escutar novamente a promessa que Jesus fez aos seus discípulos: “Não vos deixarei órfãos” (Jo 14, 18). (Catequese, 28/01/2015)
Pai que acolhe
Um bom pai sabe esperar e sabe perdoar, do fundo do coração. Certo, sabe também corrigir com firmeza: não é um pai frágil, complacente, sentimental. O pai que sabe corrigir sem degradar é o mesmo que sabe proteger sem se economizar. Sem a graça que vem do Pai que está nos céus, os pais perdem a coragem e abandonam o campo. Mas os filhos precisam encontrar um pai que os espera quando retornam dos seus insucessos. Farão de tudo para não admitir isso, para não deixarem ver, mas precisam; e não encontrar isso abre feridas difíceis de curar. (Catequese, 04/02/2015)
Grande é ser filho
Os filhos, por sua parte, não devem ter medo do empenho de construir um mundo novo: é justo para eles desejar que seja melhor que aquele que receberam! Mas isto deve ser feito sem arrogância, sem presunção. Dos filhos é preciso saber reconhecer o valor e aos pais se deve sempre dar honra. O quarto mandamento pede aos filhos – e todos o somos! – para honrar o pai e a mãe (cfr Es. 20, 12). […] Jesus, o Filho eterno, feito filho no tempo, ajude-nos a encontrar o caminho de uma nova irradiação desta experiência humana tão simples e tão grande que é ser filho. No multiplicar-se das gerações há um mistério de enriquecimento da vida de todos, que vem do próprio Deus. (Catequese, 11/02/2015)
Irmãos no amor
A ligação de fraternidade que se forma em família entre os filhos se acontece em um clima de educação à abertura aos outros, é a grande escola de liberdade e de paz. Na família, entre irmãos, se aprende a convivência humana, como se deve conviver em sociedade. Talvez nem sempre somos conscientes disso, mas é justamente a família que introduz a fraternidade no mundo! […] Ter um irmão, uma irmã que te quer bem é uma experiência forte, impagável, insubstituível. Do mesmo modo acontece para a fraternidade cristã. (Catequese, 18/02/2015)
Cuidar dos idosos
Na tradição da Igreja, há uma riqueza de sabedoria que sempre apoiou uma cultura de proximidade aos idosos, uma disposição ao acompanhamento afetuoso e solidário nesta parte final da vida. […] Frágeis todos somos um pouco. Alguns, porém, são particularmente frágeis, muitos são sozinhos, e marcados pela doença. Alguns dependem de cuidados indispensáveis e da atenção dos outros. Vamos dar um passo atrás nisso? Vamos abandoná-los ao próprio destino? (Catequese, 04/03/2015)
Avós são forças
Nós podemos recordar aos jovens ambiciosos que uma vida sem amor é uma vida árida. Podemos dizer aos jovens amedrontados que a angústia do futuro pode ser vencida. Podemos ensinar aos jovens muito apaixonados por si mesmos que há mais alegria em dar do que em receber. Os avôs e as avós formam o “coro” permanente de um grande santuário espiritual, onde a oração de súplica e o canto de louvor apoiam a comunidade que trabalha e luta no campo da vida. (Catequese, 11/03/2015)