No Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, o Santo Padre, o Papa Francisco, abre à Igreja o tesouro das indulgências, para favorecer todos os fiéis com as abundantes riquezas da Divina Misericórdia. Contudo, para entendermos melhor a maravilhosa oportunidade que o Papa nos oferece, precisamos compreender qual o significado das indulgências na vida cristã. Neste sentido, apresentamos, abaixo, uma entrevista com Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva, da Paróquia São Domingos, em Osasco.
O que são as indulgências?
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, são a “remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela ação da Igreja que, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos” (n. 1471).
Como assim? Além de sermos perdoados depois da “confissão”, resta ainda alguma pena?
Exatamente. Todo pecado tem duas dimensões: 1) a culpa, 2) e a pena. Por exemplo, se roubássemos qualquer objeto de um amigo, ele poderia nos perdoar da culpa, mas ainda deveríamos reparar o erro cometido mediante uma pena: devolver o objeto roubado, restituindo, ademais, alguma perda eventual que tive ocorrido pela ausência deste objeto. Do mesmo modo, quando nos confessamos de algum pecado grave, o sacerdote absolve a culpa e a pena eterna devida por ela, mas restam ainda algumas penas temporais, que precisam ser remidas. Para isso servem as indulgências.
Caso não fossem remidas ainda nessa vida, como seriam reparadas essas penas?
Segundo a doutrina da Igreja, no purgatório. Mas, graças a Deus, podemos reparar essas penas pelas indulgências, ainda nessa vida.
Então é por isso que podemos oferecer as indulgências pelas almas do purgatório?
Sim. Mas isso não acontece de modo automático. Se ganharmos a indulgência, nós a podemos oferecer pelas almas em modo de sufrágio, ou seja, pedindo a Deus que aplique a esta ou aquela alma, e apenas Ele o aplica, se for de Sua vontade.
Quer dizer que, com uma só indulgência, podemos apagar todas as penas que nos levariam para o purgatório?
Depende. Existem dois tipos de indulgência: 1) a indulgência plenária, que apaga todas as penas; 2) e a indulgência parcial, que apaga apenas uma parte. É a Igreja quem define quais atos de piedade concedem indulgência parcial ou indulgência plenária.
E como fazemos para ganhar uma indulgência?
A Igreja requer três condições:
1) Confissão Sacramental, que pode acontecer antes ou depois de fazermos a ação à qual está anexa a indulgência. Mas isso não basta. É preciso que não tenhamos nenhum afeto ou apego ao pecado, um arrependimento muito grande. Como não se trata de uma mágica, precisamos ter o coração muito ligado a Deus, bem arrependido. Santa Catarina de Gênova dizia que é muito difícil ganhar uma indulgência, tão difícil quanto ir ao céu. Em outras palavras, nós nunca temos certeza se ganhamos ou não uma indulgência. Apenas nos arrependemos profundamente, pedindo a Deus que consigamos ganhar esta graça;
2) Comunhão Sacramental. Para cada indulgência é necessário receber uma vez a Santa Comunhão.
3) Oração pela Pessoa e Intenções do Papa, que é quem abre o tesouro espiritual da Igreja e nos oferece, pelo poder das chaves de São Pedro, esta maravilhosa possibilidade. Pode ser qualquer oração; por exemplo, um Pai-nosso e uma Ave-Maria.
Para o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco concedeu alguma indulgência especial?
Sim, e esta é a importância extraordinária deste Ano. São basicamente estas as indulgências:
1) PORTA SANTA. Todos que passarem pela Porta Santa podem lucrar uma indulgência plenária, nas condições que disse acima. Em nossa Diocese, a Porta Santa está na Catedral Santo Antônio. Por isso, todas as Paróquias realizarão peregrinações para a Catedral, e cada fiel é estimulado a peregrinar pessoalmente. Para os doentes e encarcerados, o Papa concede a possibilidade de fazerem uma “peregrinação espiritual”; elevando seu coração a Deus pela oração, podem alcançar a mesma indulgência.
2) OBRAS DE MISERICÒRDIA. Qualquer uma das 14 obras de misericórdia, durante este Ano Santo também podem nos conceder uma indulgência plenária.
Quais são estas 14 obras de misericórdia?
De acordo com a doutrina tradicional, existem sete obras de misericórdia corporais e sete obras de misericórdia espirituais, que se dividem do modo abaixo.
As obras de misericórdia corporais são:
1ª Dar de comer a quem tem fome;
2ª Dar de beber a quem tem sede;
3ª Vestir os nus;
4ª Dar pousada aos peregrinos;
5ª Assistir aos enfermos;
6ª Visitar os presos;
7ª Enterrar os mortos.
As obras de misericórdia espirituais são:
1ª Dar bom conselho;
2ª Ensinar os ignorantes;
3ª Corrigir os que erram;
4ª Consolar os aflitos;
5ª Perdoar as injúrias;
6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.
Qual o melhor modo de vivermos o Ano Santo da Misericórdia?
Como aprendemos do Santo Padre, o Papa Francisco, precisamos meditar profundamente na Misericórdia Divina. Num mundo de tanta injustiça e de tanto justicismo, somente a Misericórdia nos pode devolver o encanto pela ternura de Deus. Francisco é o Papa da ternura!
Fonte:Â BIO – Boletim Informativo de Osasco