A encíclica Evangelium Vitae foi publicada em 25 de março de 1995 pelo Papa São João Paulo II, portanto, completou 30 anos em 2025. Esse importante documento da Igreja, destaca o valor inviolável da vida humana desde a sua concepção até o seu fim natural; trata de temas que ameaçam a vida humana; e pede que “perante um combate gigantesco e dramático entre o mal e o bem, a morte e a vida, a ‘cultura da morte’ e a ‘cultura da vida’” nos posicionemos, “com a responsabilidade iniludível de decidir incondicionalmente a favor da vida” (EV 28). A encíclica surge como uma resposta pastoral e doutrinal para o mundo inteiro, onde a vida humana se encontrava (e ainda se encontra) crescentemente ameaçada.
A encíclica reafirma a dignidade intrínseca de cada ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, asseverando que cada pessoa é um pensamento de Deus, um dom único e irrepetível. Enfatiza que o aborto é veementemente condenado, e de que se trata de um ato intrinsecamente mau, a eliminação deliberada e direta de um ser humano inocente. Igualmente o documento se opõe firmemente à eutanásia e ao suicídio assistido, que igualmente violam gravemente a Lei de Deus. Não matarás (Êxodo 20,13).
A Evangelium Vitae enfatiza que a dignidade da vida humana não depende de sua qualidade, saúde ou utilidade social (é universal e incondicional). Ela se aplica a cada um de nós, desde o nascituro até o idoso e o doente terminal. Apela-se a todos os indivíduos, famílias, profissionais de saúde, educadores, comunidades e governantes, para que se comprometam ativamente na construção de uma “cultura da vida”.
Essa preocupação com a defesa e promoção da vida ressoa nos ensinamentos do Papa Francisco que, dentre muitos assuntos, tratou do tema da inviolabilidade da vida humana, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia, publicada em 2016. Francisco reafirma que a “família é o santuário da vida, o lugar onde a vida é gerada e cuidada”, enfatizando que se trata de uma dolorosa contradição tentar fazer da família “o lugar onde a vida humana poderia ser negada e destruída”. A família deve proteger e acolher cada um de seus membros, em todas as suas fases (AL 83).
A mensagem da Evangelium Vitae, permanece viva e latente, buscando promover a urgente conscientização de toda a sociedade, convidando-nos a redescobrir, celebrar, promover, cuidar e defender incansavelmente a vida humana em todos as suas fases.
Jeandré C. Castelon
Casado, pai de dois filhos, membro da Pastoral Familiar, advogado e mestre em Teologia Pastoral.